Senado, ame-o ou deixe-o

A desordem senatorial invadiu as manchetes. E, a cada dia, o quadro agrava-se. Uma hora, a “crise não é minha, é do senado”, e na outra, depois de tanto passar a mão na cabeça: “Não é problema meu. Não votei no Sarney para ser presidente do senado nem votei para ele ser senador no Maranhão”. Isso que o senador foi eleito – com 53,9% dos votos – pelo Amapá, e não pelo Maranhão. O presidente Lula vai depreendendo seu mandato em meio a crises. Contudo, provavelmente no ano que vem, estará nos palanques falando de moralidade política, defendendo a decência e dos interesses do povo. Enquanto não chega às eleições, ele vai tirando o pé do acelerador na defesa de Sarney.

O comportamento do presidente da república continua sendo o mesmo diante as quedas. Quando um aliado está prestes a cair, como aconteceu com o ministro Romero Jucá (2005); Antônio Palocci (2006), e na renúncia do presidente do senado, Renan Calheiros (2007), ele dá um “vire-se”. Seria um abandono ou uma tentativa de evitar uma trombada, com a opinião pública? Sei que o presidente Lula foi defendendo seus aliados, e as pressões foram crescendo, ele silenciou e negociou as substituições. Será que Sarney está chegando ao último estágio da política Lula? Parece que desta vez não terá pizza no final da história.

Primeiro Sarney “tem história no Brasil suficiente”. Depois, “é preciso saber o tamanho do crime”. E, agora, “não é problema meu”. Nessas alturas do campeonato, ele já sabe muito bem que esse assunto está bem saturado. Basta saber a causa da mudança. É por medo da CPI da Petrobras? Das eleições de 2010? Ou do PSDB assumir o senado? Onde está o apoio de quem estava sendo sabatinado? Denúncias de nepotismo, uso de atos secretos e desvio de verbas públicas na fundação que leva seu nome, no Maranhão. Bem que Aristóteles nos alertou dizendo que a política é o desdobramento natural da ética.

E ética hoje é apenas uma palavra de dicionário. O qual ainda continua com um conceito muito belo – estuda os valores morais, no exercício de uma profissão e os princípios ideais da conduta humana. Antes que submerja a política brasileira, precisamos de “ordem e progresso”. Já que a fórmula política do positivismo Comtiano, está em nossa bandeira. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comentou: “Estamos transformando o governo das leis no governo do homem, do “cara”. Como seria bom ter um Sócrates para dar um pontapé inicial, em novas reflexões. Como ele gostava de fazer “parto das ideias”. Ter novas “ideias” não significa um “plano B”.

Não se preocupe, porque esta conversa perderá validade em poucos dias. E a luta pelo poder continuará, pois poder é dominar, segundo Maquiavel. O mundo também tem esse “vício” e seus problemas políticos. Não é diferente no Brasil. Só que aqui um eleito governa em constante campanha eleitoral. Já foi o tempo de “50 anos em 5”. Agora, é “50 anos em 50 anos”, com perspectiva de prolongar o contrato. Nem que para isso crie-se um grande programa, abarcando projetos menores. O Leviatã está desorganizado. A “mosca azul” está em extinção. E quem está fazendo esse papel deve ser o “mosquito da dengue azul” ou vírus da nova gripe.

A esperança está nas mãos daqueles que ainda votam com consciência. Está na frase de Rousseau, quando diz: “O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe”. É sempre bom relembramos frases já ditas. Porque o sistema continua fazendo corruptos, corrompidos e corruptos. O governo será melhor. O senado será motivo de orgulho nacional. E, por falar em orgulho, ele só vem através do esporte. Em breve, todos esses dados políticos ficarão como dados históricos. E que a história nos ensine a fazer política. Que o Brasil aprenda, levante e caminhe.