Queremos uma política humanista

O nosso município de Braço do Norte revive o cenário político de um pleito para exercer o seu representante no executivo. Há poucos dias das eleições, é hora de refletir um pouco sobre política. Parece que se perdeu o senso de que a cidade não é constituída de pedras, tão somente, é antes constituída de pessoas humanas que querem garantidos seus direitos, uma vez que buscam cumprir seus deveres.

Sim, quem vota são os cidadãos e não um monte de pedras ou um novo asfalto construído.
Mesmo imperfeita, a democracia apresenta sinais de transformação vital, alçando um desenvolvimento social possível, baseado em princípios onde as pessoas humanas assumam juntas o ideal de transformação social, sem negar a singularidade de cada um dos cidadãos. Garante, pois, a união entre os seres humanos, promove a vida e integra o todo.

O político francês Jacques Maritain (1882-1973) afirmara que “uma política verdadeira é uma democracia personalista e o que a lei e a autoridade se propõem, antes de tudo, é a liberdade a ser conquistada, é fazer homens livres – realizando espontaneamente, e não por medo ou coação”. E eu acrescentaria, por pessoas que realmente se ocupem em garantir a dignidade das pessoas humanas. É preciso criar, prometer, aquilo que possa ser cumprido. É preciso dedicar-se a construir uma proposta de governo capaz de descer até as estruturas concretas do ser humano.

Por isso, caros candidatos, digníssimos cidadãos eleitos com nosso voto, sem uma profunda consciência de que nas vossas mãos está também o viver de pessoas humanas, não haverá política justa, não haverá integração, não haverá qualquer sintoma de justiça ou mudança. O movimento democrático que se utiliza de façanhas políticas sujas, que se ensoberbece com o poder, esquece seus ideais e morrerá, como ocorreu com os partidários dos totalitarismos. O progressista que esquece que a mudança parte do singular torna-se universalmente uma vergonha.

Devemos buscar entender que o fim da sociedade é o bem da comunidade, o bem do corpo social que é formada, um a um, por cada pessoa humana. Se não houver uma compreensão de que este bem é um todo de pessoas, incorrerá que mais uma vez estaremos sujeitos ao fracasso político. Fica como alerta uma proposta para os novos candidatos: “Comporta o reconhecimento dos direitos fundamentais de cada pessoa, como valor da mais alta acessão possível, das pessoas à sua vida de pessoa e à sua liberdade de expressão” (Maritain, J. Humanisme Intégral).