Profissional, por quê? (II)

No artigo anterior, que foi publicado em jornais e sites especializados em gestão de pessoas, procurei alertar sobre a lei que regerá as demissão imotivada e algumas pessoas entraram em contato comigo para elogiar e outras para criticar o que escrevi. Acredito que estamos no caminho certo das discussões.

Receber elogios e críticas faz parte do jogo quando divulgamos os nossos conceitos, devemos estar preparados para isso e é bom que aconteça, pois gera discussão, busca de outras informações, novos conceitos e opiniões. Pior é ver tantas pessoas que nem sabem, ou se ouviram falar não conseguem opinar porque não estão inteiradas do assunto e acham que não mudará nada para elas e para a empresa que trabalham.

Outro dia, em uma entrevista a um gerente de vendas de uma empresa (médio porte), perguntei a sua opinião sobre crescimento profissional e retenção de talentos. Ele respondeu que, se ele fizer exatamente o que os seus patrões mandam, não haverá motivos para que ele perca o seu emprego e assim os seus subordinados; reter talento é coisa ultrapassada, pois as empresas querem somente resultados imediatos, então para que investir no futuro?

Sobre a lei que trata das demissões imotivadas, tinha ouvido falar, mas não sabia bem o que queria dizer e, depois que discorri brevemente sobre o assunto, ele me disse iria orientar os seus patrões a demitir os incompetentes antes de sua aprovação alegando que não queria gente desqualificada trabalhando com ele. Não perdi a oportunidade e perguntei o que faria se os patrões negassem e, neste caso, respondeu que faria o que eles mandassem; e se eles resolverem negociar o seu salário antes da lei?

E, caso você não aceite poderá, perder o seu valioso emprego. Disse-me que, se isso acontecesse, seria uma injustiça! Vejam que a reação de cada pessoa visa sempre olhar para o seu umbigo, as suas necessidades e tudo pode acontecer com os outros. Este gerente simplesmente acha-se intocável, porém, na minha avaliação, falta muito para ser um profissional.

Trago esta situação porque entendo que vários casos como estes são tratados todos os dias nas empresas brasileiras. Muitos ficam acomodados e não se abrem para a discussão sobre as questões trabalhistas, o futuro dos profissionais, o mercado, até porque são polêmicos e não gostam de ver os seus conceitos contrariados e, por isso, não partilham as suas opiniões, ou seja, querem convencer que o seu é o certo e assim não tem discussão. Mas, quando percebem, a bomba estoura e parece o fim do mundo. Estamos em Santa Catarina, aqui, no Brasil, mas parece que as discussões só acontecem lá para o sudeste e centro-oeste, precisamos encurtar essa distância e nos anteciparmos aos fatos, leis.

Uma observação para reflexão: no Brasil, gasta-se alguns bilhões de reais para garantir o seguro desemprego, milhões de pessoas são demitidos todos os anos por motivos diversos. Por que não destinar parte deste recurso e repassar a empresas sérias que têm planos de expansão, planejamento de carreira, plano de capacitação e retenção de talentos? Com certeza, os resultados serão melhores. As empresas devem ter o direito de dizer com quem querem trabalhar, qual o perfil dos seus profissionais e tempo para testar a capacidade do candidato (atualmente, o período de experiência – será que continuará).

Sei que existem empresas que demitem para contratar pessoas que aceitam ter salários menores, que o chefe demite porque não gosta, mas não podemos generalizar. Uma verdadeira confusão vem por aí, afinal de contas, quem deve ficar e garantir o seu trabalho e o sucesso da empresa?
Informe-se, posicione-se, discuta e prepare-se!
Vamos refletir. E agir!!!