Procura-se desaparecido; recompensa: saber falar

Do português “me dá”, ao dá-me. Ele deveria ser comum a todos, mas, infelizmente, mostra-se tapeado em pleonasmos viciosos que “sobem para cima”.
A língua portuguesa foi trazida ao Brasil no século 16 através do descobrimento e, embora extremamente antiga, seus utentes, adeptos, usuários, sequazes – breve demonstração da multiplicidade de verbos da nossa língua – aparentemente e, sobretudo, infelizmente, não fazem bom uso dela.

O idioma de um determinado país é de extrema importância à população condizente com o mesmo. Afirmação óbvia? Não para aqueles que propagandeiam aos vários cantos do Brasil: “Vem pra Caixa Você Também”, ora, se venha é o tu do imperativo, o correto deveria ser “venha”, e não “vem”. Enganam-se as pessoas que acreditam ser o português-botequim apenas para os menos favorecidos.

Não obstante, também o é, aliás, deveríamos questionar não o quão óbvia é a importância desta língua, e sim o que é afinal português? (Prerrogativa aparentemente radical obstinada a denotar uma indignação e lacônica tendência revolucionária).
“Ligamos para perguntar quando o senhor vai estar efetuando o pagamento?” – por favor, fujam do “gerundismo”! As empresas de telemarketing mostram-se mais preocupadas com qual lugar no pódio das insuficientemente letradas ocuparão, do que na execução de seus afazeres.

Quando no cumprimento e progressão de um determinado ofício, a norma culta se faz indispensável. O português, além de obrigação, é objeto seletivo na vida profissional de um indivíduo. Psicólogos, por exemplo – exemplo esse excepcionalmente particular – não diagnosticarão com o “intuíto” de elucidar quanto a problemas, eles apenas intuirão proporcional ao seu nível de instrução e conhecimento de causa, neste caso, o português, dar-se-á seu prestígio e desenvolvimento.

A realidade afirma o que grandes poetas já tornavam lírico: “Minha pátria é a língua portuguesa (…) sim, porque ortografia também é gente”. (Fernando Pessoa); e merecidamente, ou não, aqueles que não se enquadram em um perfil português-culto, dificilmente acarretarão trabalhos gratificantes, satisfação pessoal ou status honroso. Dar vida à nossa língua-mãe, tornando-a “gente”, vai muito além do abecedário; circunda orações coordenadas assindéticas, cacofonias, barbarismos, concordâncias, etc.; o que por obrigação deveria ser presente.

Ainda que camuflado, o nosso velho, bom e nobre português está por aí, esperando para ser “encontrado” e fornecendo recompensa garantida; já aos poucos remanescentes da arte de correto falar, minha obrigada – o português coerente e logicamente necessário é passível a admiração e merece ser “vivido” à risca.