Oitenta e um anos da imigração alemã

No dia 25 de julho de 1824, chegavam ao Rio Grande do Sul os pioneiros 43 imigrantes alemães que deram início à primeira tentativa bem sucedida de colonização no Brasil, a colônia de São Leopoldo, em homenagem à Imperatriz Dona Leopoldina.
Por essa razão, 25 de julho passou a ser, desde 1824, o dia da imigração dos povos de língua alemã, e também o “Dia do Colono”.
Graças ao rápido desenvolvimento daquela colônia, seu exemplo foi seguido ensejando a fundação de muitas outras colônias. Apenas quatro anos depois, no dia 7 de novembro de 1828, há exatos 181 anos, chegavam a Santa Catarina, a bordo do Brigue Luiza, os primeiros 276 imigrantes alemães. Cinco dias depois, a capital da província recebia o Bergantim Marquês de Viana, com outros 357 imigrantes, instalados em ranchos da Armação no Sul da Ilha.
Pouca gente sabe que o primeiro alemão a aqui chegar foi o astrônomo e cosmógrafo Meister Johann, natural de Emmerich, que integrava a tripulação de Pedro Álvares Cabral quando da descoberta do Brasil. Foi ele quem forneceu a certidão de nascimento do nosso país.
Poucos anos após o descobrimento, Pero Lopes de Souza, irmão de Martim Afonso de Souza, menciona, no seu “Diário de Navegação”, a existência de vários alemães entre os membros da tripulação, um dos quais ajudou na construção do primeiro engenho de açúcar em terras brasileiras, em 1532, na Ilha de São Vicente.
Quando Hans Staden empreendeu sua segunda viagem ao Brasil, em 1550, já encontrou um pequeno núcleo de compatriotas. Convidado para terminar a construção do Forte São Felipe, em Bertioga, acabou nomeado seu comandante por Tomé de Souza. Estava ocupando esse cargo quando foi feito prisioneiro pelos índios tupinambás e viveu as incríveis aventuras que relata em seu famoso livro publicado, pela primeira vez, em Margburg, em 1577.
O estilo realista do livro e as gravuras em estilo primitivo, mas de absoluta fidelidade, fizeram dele um extraordinário sucesso, tendo sido reeditado em várias línguas e tornado o Brasil foco de interesse em toda a Europa.
Pode-se dizer, pois, que se Meister Johann registrou o nascimento do Brasil, outro alemão, Hans Staden, descreveu a sua infância.

No entanto, depois da iniciativa bem sucedida daquela colônia, muitos projetos foram abandonados pela má escolha do local, pelas difíceis comunicações, pela baixa qualidade das terras e principalmente pelas falhas da administração pública na organização das fases iniciais dos trabalhos. O descontentamento gerado por esses casos acabou por se refletir na imprensa, e nos governos dos países de origem dos imigrantes, ocasionando uma redução significativa do fluxo imigratório na metade do século 19.

Foi graças ao sucesso de novos projetos, como os de Joinville e Blumenau, descrito por visitantes europeus em inúmeras publicações, que diminuiu a campanha contrária à emigração.
Felizmente, pois Santa Catarina e o Brasil só ganharam com a continuidade daquele fluxo migratório, que somou às qualidades pátrias outros tantos valores e princípios, especialmente os voltados ao empreendedorismo, permitindo que fossemos, hoje, um exemplo para o mundo das virtudes da miscigenação e do multiculturalismo.