O analfabeto político

 

Parafraseando Bertolt Brech, o pior analfabeto é o político: Não ouve, não fala, não participa das decisões… Porque entrar em cena com este tema; respondo! Infelizmente, na nossa sociedade, está enraizada a cultura de que política é o roubo, corrupção desvio do bem público em detrimento do coletivo. Isto fruto de uma cultura de 100 anos, que infelizmente não se muda com um passe de mágica, provavelmente vai demorar mais uns 50 ou 100 anos conforme Rubem Alves em seu texto Os ratos e os queijos, que relata a política do clientelismo do nome pejorativo e da partilha de cargos.
 
Será que tem solução? Talvez, começando com uma nova ideia de fatos culturais em que jovens e crianças possam a longo prazo terem uma pequena mudança. Por que digo isso? Trabalho com adolescentes e jovens há mais de 20 anos,  e cada vez percebo que aumenta o desinteresse pela política, coisa pública. Falo na sala de aula no termo política, os jovens e adolescentes torcem o nariz,  franzem a testa, e golpeiam com palavras fortes “de novo política!?”, “política: tudo ladrão”. Não se falou em políticos e política partidária, citamos política, que tem um sentido totalmente diferente que se conhecermos o termo é: a arte de governar a pólis, arte do bem coletivo, toda ação coletiva que visa o bem  comum é política. Mas infelizmente estamos ainda presos (aos ratos e queijos), pensando só no ato corruptível. Mas não são só os jovens e os adolescentes que têm essa visão, se fizermos uma análise geral a maioria absoluta da sociedade não está excludente do fato, inclusive pessoas letradas, com diploma de mestres e doutores, também não faço minha exclusão, por mais que tento ser e estar politizado, estamos num contexto social e somos direcionados por ele. Como diz Bertolt, o pior analfabeto é o político, mas nem sempre podemos cobrar das novas gerações, se nossa atitude é arcaica de 100 anos com o mesmo clientelismo do toma lá dá cá.
 
Quem sabe, mudando um pouco nossa postura, deixemos legados, para que no futuro possam pegar o texto de Bertolt E bradar, por causa da ação política sai de cena: “A prostituta, o menor abandonado e o pior de todos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e explorador da sociedade”…