Nossa tragédia

No momento em que experimentamos a chegada súbita do furioso ciclone a morder e a lançar para o alto os pedaços das nossas casas. Pavor!

Diante da força avassaladora da natureza, os homens corajosos se tornaram crianças indefessas, pois não é lúcido nem mesmo ao mais intrépido cavaleiro, erguer a espada e enfrentar um poder invisível que não pode ser golpeado, dominado e rendido. Naquele lastimável instante, o estratagema era um – a esperança. Esperança do verbo “esperar.”

Agora, com a calmaria, é impossível encontrar uma palavra que expresse a sensação das perdas. Então recorro ao neologismo de Guimarães Rosa para dar vida ao que vi e vivi. “Circuntristeza:” Centenas de árvores tombadas nas estradas, casas destelhadas e inundadas. Quanto mais alto, pior a queda: dezenas de galpões reduzidos a pó. O mais triste: a morte de uma criança. 

Foi inevitável sentirmo-nos envoltos pelo desalento. 

Mas graças a Deus, o pior já passou! É chegada a hora de erguermos a cabeça.

O momento é de esperança. Sim, de novo a esperança! 

Mas agora mudaremos o verbo. A nossa esperança deve ter origem no verbo esperançar. 

Eu esperanço ver a cidade de Tubarão reconstruída, tu esperanças ver a cidade de Tubarão…

Ter esperança é ir atrás, é ter confiança, é buscar, é trabalhar, é ser forte, é manter a fé e nunca desistir…

– Eu espero que dê certo! Isso não é esperança, é espera. O momento da espera já passou.

O povo tubaronense é bravo. Convido você a conjugar comigo, agora, o verbo esperançar na primeira pessoa do plural: Nós esperançamos uma cidade reconstruída!