NÉ, NÉ, NÉ e NÉ

Até que ponto a preocupação com nosso idioma, no caso a língua portuguesa, idioma oficial de nosso país, é válida? Apenas com a escrita? Ou também com a forma de se falar e comunicar? O modo que a sociedade faz a sua comunicação tem relevância? No caso de as perguntas serem respondidas com um sim, desabafo.

Em tempos modernos, o modo de escrever com abreviaturas símbolos e figuras de linguagem no MSN, orkut, facebook, etc, empobrece o português. Parece que se perdeu o senso crítico e a criatividade para se narrar textos e frases. Fico aterrorizado com a oratória e o discurso das pessoas num todo. Em muitos casos e ambientes, usa-se de forma repetida o termo NÉ. É muito NÉ. Pensei então: vou reclamar a quem? Ninguém! Parece fazer parte da cultura, falta de leitura e vocabulário.

O que me deixa triste é que eu percebo pessoas graduadas, pós-graduadas, com mestrado e até com doutorado. Pessoas com reputação e status utilizam deste termo. Normal utilizar o NÉ como forma de concordância, claro. Mas de forma repetida e em um curto espaço de tempo é preocupante e irritante. Vejo um programa esportivo e lá estão jornalistas, esportistas com graduação em educação física. Usam repetidas vezes o NÉ.

Na missa lá está a figura do padre: e usa o NÉ em sua prática várias vezes. Na universidade, professores gabaritados não deixam de fazer o uso do NÉ, contei 68 repetições do termo em uma aula de duas horas. No congresso nacional, acompanhando a TV Senado, fico impressionado com o discurso de um senador ao ler seu pronunciamento. Não usou o termo NÉ em 30 minutos de discurso. Achei estranho, mas quando ele começou a fazer suas considerações finais foram 16 benditos NÉ em dois minutos.

Estou sendo intransigente ou exigente? Prefiro ficar com a exigência de querer ouvir as pessoas utilizarem de forma ampla o nosso rico vocabulário. Tudo bem que a nossa educação é precária e a nossa população não tem o hábito da leitura, mas ver pessoas instruídas tendo esta prática é preocupante. “Quem mais sabe, mais será cobrado”. Temos que iniciar um processo pessoal de não ao NÉ, de buscarmos fontes melhores de comunicação dentro do nosso português e preservar, assim, nosso idioma.

Comece com você e se corrija. Reveja como esta sua oratória. Falar e escrever são princípios básicos dentro de uma sociedade.  Apenas gostaria de ver nossa língua portuguesa ser respeitada e ser pronunciada em toda sua totalidade de opções e formas. E, assim, não ouvir tantas vezes o NÉ. Isto tudo é um pedido de um simples acadêmico de primeira fase, ou seja, um calouro. Mas um calouro que ama a oratória.