Natal. E se Maria tivesse abortado?

Incrível, mais uma vez, os cristãos são introduzidos no espírito natalino. Com o rápido passar do dia-a-dia, pode-se, talvez, nem perceber, mas o Natal está no ar! Na fragilidade de uma criança, Deus torna-se presente na pessoa humana.
O Menino Jesus, nascido na gruta santa de Belém, poderia não ter vindo ao mundo! Você já se deu conta disso? Já refletiu sobre essa questão? Bastaria que Maria, por exemplo, tivesse decidido abortar. Como seria o mundo sem Jesus? Obviamente, caberia a Deus, que teve a iniciativa de enviar seu filho ao mundo, dar continuidade ao projeto de salvação conforme lhe aprouvesse o coração. Mas que bom, não foi assim…

Diante da realidade do aborto, quando tantas pessoas lutam descaradamente por sua descriminalização, vale refletir sobre até onde vai o direito de uma pessoa ou grupo, ceifar uma vida inocente? Alguém teria direito de impossibilitar a constante atualização do Natal que se dá através do nascimento de cada criatura humana? Pois bem, essa afronta à natureza humana se dá nos vários abortos praticados diariamente em todo o mundo. Os números de abortos realizados no Brasil e no mundo são elevados. Contudo, sobre isso, a OMS divulgou a seguinte nota: “A Organização Mundial de Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde não auspiciaram, financiaram nem realizaram qualquer estudo ou investigação sobre abortos no Brasil”.

A citação anterior deixa claro que não existem estudos sobre os reais números de aborto cometidos no Brasil. Assim, os números exagerados que são divulgados de supostos abortos provocados, bem como os de mortes maternas decorrentes, é uma armadilha, como ressaltou o Dr. Bernard Nathanson, ginecologista e obstetra norteamericano, uma das maiores lideranças nos anos 60 e 70 dos grupos pró-aborto nos EUA e que, a partir de estudos de embriologia, em que foi constatado que o feto desenvolve uma vida com semelhanças à da criança fora do útero, começou a se questionar sobre sua prática abortista, sendo atualmente defensor da vida desde a concepção.

Disse o Dr. Bernard Nathanson, referindo-se ao aumento do número de abortos: “É uma tática importante. Dizíamos, em 1968, que na América se praticavam um milhão de abortos clandestinos, quando sabíamos que estes não ultrapassavam de 100 mil, mas esse número não nos servia e multiplicamos por dez para chamar a atenção. Também repetíamos constantemente que as mortes maternas por aborto clandestino aproximavam-se de dez mil, quando sabíamos que eram apenas 200, mas esse número era muito pequeno para a propaganda. Esta tática do engano e da grande mentira repete-se constantemente e acaba sendo aceita como verdade. Nós nos lançamos para a conquista dos meios de comunicações sociais, dos grupos universitários, sobretudo das feministas. Eles escutavam tudo o que dizíamos, inclusive as mentiras, e logo divulgavam pelos meios de comunicações sociais, base da propaganda” (Conferência realizada no Colégio Médico de Madri, em 5 de novembro de 1982, intitulada: “Eu pratiquei cinco mil abortos”, publicada pela revista Fuerza Nueva).

As mães que provocam essa atrocidade vivem as consequências psíquicas do aborto. A vida dessas mulheres torna-se vazia – uma chaga aberta que não cicatriza. Mas também para elas veio a Criança da manjedoura – visível e portadora de redenção.
Que esse tempo de preparação para o Natal, o Advento, seja um apelo à consciência, de luta constante pelo direito à existência, fundamentada na lei natural da vida. Santo Tomás de Aquino dizia que: “A lei natural outra coisa não é senão a luz da inteligência posta em nós por Deus. Por ela, conhecemos o que se deve fazer e o que se deve evitar. Esta luz ou esta lei deu-a Deus à criação”. Aqueles que lutam pela vida, defendendo-a do seu princípio ao fim, poderão, sim, saudar a todos coerentemente desejando: “Feliz Natal”.