Não coloque em risco a saúde do motor

Cláudio Moysés
Gerente geral de Qualidade da PSA Groupe

Existem muitos produtos que são vendidos no mercado como líquido de arrefecimento, mas na verdade não passam de água com corante e podem conter elementos prejudiciais ao motor, portanto o consumidor precisa tomar alguns cuidados na hora de fazer a manutenção do veículo e comprar este item tão importante, que é responsável por manter o motor em temperatura ideal de funcionamento, entre outros benefícios.

É fundamental seguir a recomendação do manual do fabricante e utilizar somente produtos de origem confiável deste líquido, que é composto por água desmineralizada e aditivo à base de etileno glicol. Assim, o consumidor tem a segurança de comprar um produto que entrega a proteção adequada conforme especificação de uso e garante a preservação da vida útil do motor.
 
Algumas montadoras já trabalham com líquidos long life, que duram a vida inteira do veículo, então o motorista não precisa se preocupar em fazer a troca, a não ser que haja vazamento ou alguma contaminação do sistema. Já outras montadoras recomendam fazer trocas do líquido de arrefecimento, de acordo com quilometragem, a partir de produtos homologados.

 Alguns brasileiros têm o hábito de completar o reservatório com água da torneira, o que é prejudicial, pois a composição da mistura deve conter água desmineralizada para proteger os componentes metálicos da corrosão e evitar a formação de incrustações, que podem causar entupimentos e, em consequência, superaquecimento do motor.

 Assim, colocar água da torneira no circuito de arrefecimento põe em risco a saúde do motor, pois a água pode conter sais minerais como cloro, flúor e cálcio que, se acumulados em certas regiões do motor, aceleram o processo de oxidação e desgaste de partes metálicas e mangueiras. Em especial o cloro presente na água pode reagir com o alumínio das peças.

Se o consumidor completar apenas com água, a porcentagem da mistura também irá diminuir e perder eficiência, uma vez que um dos objetivos do etileno glicol é garantir que a água não evapore. Assim, a mistura perde capacidade de não evaporar, que é observada com a rápida queda de nível, além de perder as características de proteção do motor e das borrachas.
 
Geralmente, os painéis de instrumentos dos veículos alertam caso comece a baixar o nível e aumentar a temperatura. Se continuar em funcionamento mesmo com os alertas, o carro terá problemas com o superaquecimento do motor, como dano à junta do cabeçote, que pode demandar uma retífica ou a troca deste importante item avariado.

 No Brasil, a certificação do líquido de arrefecimento ainda é voluntária, mas o mercado já apresentou demanda ao Inmetro para que esta seja regulamentada, com a finalidade de evitar que produtos piratas sigam em circulação no mercado.

Para não colocar em risco o patrimônio, a recomendação é que o motorista escolha sempre produtos avaliados e testados pelo Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), que realiza uma gama de ensaios em líquido de arrefecimento, conforme as especificações das normas ABNT NBR, o que garante segurança ao consumidor.

Todo o trabalho é realizado em laboratório químico próprio, que está localizado no Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS), a 100 km de São Paulo. O laboratório possui equipamentos de última geração para realizar ensaios químicos em líquido de arrefecimento, assim como Arla 32, líquido de freios, baterias e pilhas.

 O IQA é um organismo de certificação sem fins lucrativos especializado no setor automotivo, criado e dirigido por Anfavea, Sindipeças, Sindirepa e outras entidades do setor e governo. Parceiro de organismos internacionais e acreditado pela Coordenação Geral de Acreditação (CGCRE) do Inmetro, o Instituto atua em certificação de serviços automotivos, produtos e sistemas de gestão, assim como publicações técnicas, treinamentos e ensaios de laboratório.