Marcas de ferradura ou sorrisos?

Juliano Schiavo
Jornalista, escritor e biólogo

Tenho cá comigo que mudamos muita coisa ao nosso redor ao sorrirmos e, inclusive, ao fazer os outros sorrir. Pode parecer algo bobo, singelo, sem muito sentido. Mas como é bom ser recepcionado por alguém que traduz sentimentos em uma expressão calorosa. Que nos olha nos olhos com aquele brilho radiante e nos faz sentir próximos apenas com um leve esgar de sorriso. E como é gostoso ver que nossa presença agrada e somos benquistos.

Tenho cá comigo que isso é muito bom e que modifica o mundo ao nosso redor. Em meio a tantas coisas ruins que somos bombardeados, a medos que temos que suportar calados, a tanta intolerância que surge gratuitamente, vejo o sorriso como algo transformador. Esse é meu jeito de pensar e não quero impô-lo. Cada um é cada um e sabe de suas possibilidades. Cada pessoa sabe o que carrega dentro de si e o que pode oferecer aos outros.

E se cada um é um mar de possibilidades, não consigo entender o que algumas pessoas ganham em ser grosseiras. Em ter em suas bocas não um sorriso para acolher, mas uma frase para ferir. Em deixar cravada uma marca de ferradura na pele alheia, e não algo bom. Usam a grosseria para se dizer autênticas. Para se impor, sem se importar a qual custo. O que estão semeando de bom com a mensagens amargas e rancorosas?

Não vejo motivo para se vangloriar pela grosseria, pelas palavras ácidas, pelo coice dado gratuitamente. Isso não é ser autêntico, ou muito menos ter uma sinceridade fora do comum. Isso recebe um nome simples: falta de educação. É não entender que as palavras machucam e que há formas de se falar algo, sem ofender ou machucar. Quem ofende gratuitamente precisa seriamente de amor próprio e uma dose cavalar de empatia. Talvez seja necessário explicar o que seja essa palavra: é se colocar no lugar do outro. É algo que o mundo precisa, urgentemente.