Mais um excelente aviso da natureza

Como felizmente não houveram vítimas, tão pouco prejuízo de grande monta (ficou no transtorno de casas e ruas alagadas e trânsito caótico), pode-se dizer que a cheia do rio Tubarão, na última quarta-feira, teve efeito de susto pedagógico.

Foi uma belíssima lição da natureza, para que: a) os céticos acreditem, de uma vez por todas, que outra tragédia como a de 74 é possível, devido ao fenônemo da recorrência e das fortes chuvas que vêm caindo ultimamente, e que são as medidas preventivas e de reação eficiente que farão a diferença – objetivo dos seminários que fazemos (câmara municipal, Area- TB e Defesa Civil), desde 24 de março do ano passado, 35º aniversário da última grande cheia; b) a municipalidade priorize a busca dos recursos para a macrodrenagem da margem esquerda e de outros pontos da margem direita, claramente identificados, que alagam muito antes do rio transbordar e para as próximas etapas da redragagem do rio Tubarão, cujo projeto resultante da batimetria, que apontou 42% de assoreamento, seja viabilizada.

Uma vez que as áreas de bota-fora já estão resolvidas, faltando as licenças ambientais (para as quais o estado é parceiro do município), indispensáveis para alavancar os R$ 80 milhões (já se fala em R$ 50 milhões) para conclusão da obra, ou R$ 20 milhões para as áreas críticas. Priorize também a instalação de sensores ao longo do rio, de Tubarão a Lauro Müller, com o objetivo de monitorar o avanço das águas e transmitir via internet, o que ganharia tempo para as providências; b) as escolas intensifiquem o trabalho com os alunos, os sinos das igrejas soem novamente e que mais lojistas baixem as portas em todos os 24 de março, para que não esqueçamos, ou conhecemos melhor o que aconteceu em 74, e evidemos esforços para que não mais aconteça, como prevê a Lei Municipal nº3289/09; d) os tubaronenses atendam os chamados da Defesa Civil para os necessários treinamentos, e que esta prepare de fato a articulação para o socorro às vítimas e de alojamentos, no caso do rio transbordar; e) as marcas da tragédia de 74 sejam preservadas e divulgadas para roteiros de visitas e estudos; f) o Núcleo de Pesquisas Sobre Desastres Naturais da Unisul possa aprimorar o mapa de risco geotécnico de Tubarão; g) o Ministério Público apresse o termo de ajuste de conduta, já proposto, com a finalidade de conter invasões, que se tornam, inevitavelmente, áreas de risco; h) os tubaronenses, onde quer que estejam, coloquem os seus lixos nas lixeiras para que a prefeitura os recolha adequadamente e não entupam bueiros e valas que facilitam os alagamentos.

Se o susto não serviu, se a lição não foi aprendida, vidas e patrimônios públicos e privados poderão se perder. E não foi por falta de mais um aviso, ou melhor, um excelente aviso da natureza.