Julho, mês de férias, para alguns!

Há quatro anos, iniciando as férias de verão, na Europa, o padre Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia desde o ano de 1980, fez uma belíssima reflexão em torno da temática “férias”. Como no Brasil, no mês de julho, também se dispõe de um período, mesmo que curto, de descanso (pelo menos para os estudantes, professores…), faz-se importante também a reflexão que se segue, de forma a possibilitar uma meditação bastante útil acerca desse tempo – que padre Cantalamessa aponta como “um dom que se dá ao homem para descobrir algo”.

A palavra repouso quer dizer pouso, fazer uma pausa, e também depositar, deixar que se depositem tudo aquilo que na atividade, na vida humana, frequentemente converte-se em um tumulto interior que impede de ver claramente o sentido da vida. Deus descansou no sétimo dia. Evidentemente, Ele não necessitava disso, mas o homem e a mulher precisam de Seu ensinamento com relação à necessidade de repousar.

A palavra “férias” tem raízes na língua latina: vacare, que quer dizer abster-se das atividades normais para se concentrar em algo diferente. O termo orienta para tirar férias, deixar todas as atividades, para se perceber o mais importante que existe no mundo, ou seja, Deus. Os que não tiram tempo para o descanso, dificilmente percebem Deus no meio do tumulto do dia-a-dia (apesar de não ser impossível perceber Deus também nessas condições).

As férias são o contrário de uma fuga. Não denotam alienação, distração, mas recomendam que o ser humano concentre-se em algo, abstenha-se das demais atividades para se concentrar no fundamental: o encontro com Deus através da natureza, das pessoas amigas e assim por diante… Talvez, o sentido mais belo das férias seja precisamente retomar um contato íntimo, profundo, com a raiz do ser humano, que é Deus.

As férias deveriam ser no curso do ano, precisamente os dias, que, através da contemplação da natureza, da leitura da palavra Deus, a pessoa entre um pouco dentro de si, para retomar o contato com as motivações profundas da vida.
Parece significativo que a palavra com que se indica esse tempo no curso do ano, na língua inglesa, seja holydays, que quer dizer “dias santos”, dias que devem ser dedicados à santidade. E você já se perguntou sobre a programação de suas férias? O que você fará nesse período? Ou, o que você costuma fazer durante suas férias?

Um estudo aprofundado da origem e evolução das palavras, sua etimologia, permite observar como na origem desta atividade do homem, as férias, há algo profundamente diferente do significado atual, que entende esse período, como tempo para se distrair, ocupar-se unicamente de maneira prazerosa, fazer coisas atípicas e até mesmo, para alguns, bebedeiras, banalidades, etc…

Não é que as férias não devam servir também para diversão e distração; mas é preciso ter consciência de que elas são um dom entregue ao homem para descobrir algo. Não é um tempo a se desperdiçar, mas um tempo para valorizar ao máximo a dignidade do ser humano.
Portanto, aproveite bem suas férias. Procure descobrir algo novo nesse período: talvez, Deus em você e nos irmãos!
Boas férias neste mês de julho!