Getúlio Vargas, o homem da Revolução (1)

Após uma leitura de O homem, de Ralph Linton, um antropólogo estadunidense que viveu entre os anos de 1893 e 1953 que dizia que "Os seres humanos devem seu predomínio atual ainda mais às ideias, hábitos e técnicas que lhes foram transmitidos pelos seus ancestrais" e que aprendemos e enfrentar os problemas através das experiências daqueles que nasceram antes de nós, lembrei-me de um homem em que procurei me espelhar em suas boas contribuições para o nosso país, no qual gostaria de prestar uma homenagem pelos grandiosos serviços prestados à classe trabalhadora e pela criação da Companhia Siderúrgica Nacional, que revolucionou o atual município no qual resido.

Porém, gostaria também de ressaltar a gênese de um processo eleitoral ruim que descendemos e que aprendemos, portanto, com muito tempo de estrada a modificar e garantir a democracia em nosso país. Este homem: Getúlio Dornelles Vargas, apesar de complexo e às vezes dicotômico, atuou na presidência da república entre os anos de 30 a 45 e 50 a 54. Não em vão, sempre que posso estou mencionando feitos deste mestre na arte de fazer política.

Chegou à presidência da república em 3 de novembro de 1930, através de uma revolução armada que se inicia em uma abertura política única, caracterizada pelo caos econômico que envolveu evidentemente a "oligarquia do café com leite" no Brasil após a crise econômica mundial que repercutiu efetivamente na economia cafeeira através da quebra da bolsa de valores em Nova Iorque em 1929. O presidente da república, que era paulista, diante das crises e para evitar a falência de muitos cafeicultores, indicou para a presidência Julio Prestes, um outro paulista, ao invés de um mineiro, como era de acordo. Os mineiros, alegando-se traídos, passaram a apoiar o candidato da oposição Getúlio Dornelles Vargas, formando uma aliança entre Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, denominada Aliança Liberal.

As eleições ocorreram em março de 1930, porém, o candidato que venceu foi Julio Prestes de Albuquerque, com 1.027.000 votos, contra 809.000 de Getúlio Vargas. Primeiramente, os aliancistas aceitaram o resultado eleitoral, pois a aliança liberal não era revolucionária e seus integrantes até pouco apoiavam o governo vigente. No entanto, surgiram novos fatos que propulsaram a ruptura deste processo. Após assumir a presidência, WL iniciou uma série de perseguições pós-eleitorais aos vencidos de Minas Gerais e da Paraíba e as oligarquias destes estados começaram a pensar em uma revolta armada. Após o assassinato de João Pessoa, em 26 julho de1930. Embora a questão política interna da Paraíba tenha sido a causa do crime, sua repercussão junto à opinião pública nacional foi enorme, atribuindo-se a culpa ao governo federal. Depois disto, seria impossível os aliancistas conviverem com o governo de Julio Prestes, começaram então a preparar uma revolução em grande escala. Em 3 de outubro de 1930, a revolução estourou no Rio Grande do Sul. Em dois dias, o RS estava controlado por Getúlio. As tropas revolucionárias, sob o comando do cel. Góis Monteiro, iniciaram a marcha para o RJ, divididas em três colunas – uma pelo interior, outra pela ferrovia SP/RS e outra pelo litoral. Em poucos dias, conquistaram Santa Catarina e Paraná, preparando-se para atacar São Paulo. Paralelamente, Minas Gerais foi dominada pelos revolucionários, que ocuparam o Espírito Santo e iniciaram o ataque ao Rio de Janeiro. No norte-nordeste, Juarez Távora ocupou todos os estados, exceto Bahia e Pará. A maior batalha da revolução seria ao sul de São Paulo, com 6.200 soldados, contra 7.800 da revolução se tivesse começado, mas não começou, pois, poucas horas antes de iniciar as operações, o comandante Pais de Andrade recebeu a notícia do Rio de Janeiro que WL tinha sido deposto logo, não havia mais motivos para lutar. Em 3 de novembro de 1930, Getúlio Vargas assumiu o poder.

Continua na edição de amanhã…