É possível fazer política por amor?

Caro leitor, no último dia 1º, os brasileiros puderam acompanhar a posse de um grande número de prefeitos e vereadores em todo o território nacional. Que bom, a renovação é um importante “instrumento” para o crescimento.

Chamaram atenção as propagandas veiculadas durante o período eleitoral. Falou-se em governar com e por amor, com carinho, pelo melhor do povo, pela igualdade, pela fraternidade, com justiça… Alguns “políticos calouros” enfatizam muito a questão do inovar para mudar.

Que bom se todas as propostas de governo pelo menos passassem pelo crivo da consciência de cada político, durante o período de elaboração das propostas de ação, dos comícios… Infelizmente, o que se pode nitidamente perceber é que uma grande parcela dos políticos não consegue fazer política por amor e, consequentemente, não consegue ser políticos por amor. E rumando pelas vias do amor, o que é amor? Saberia alguém governar por amor, sem saber o que significa isso?

Pode-se dizer que o amor possui três faces: Éros, Àgape e Filos. Detenhamo-nos no suficiente para a reflexão que se segue: amor filos. Este é o nome dado à face do amor voltado ao outro (no sentido de alteridade), é o amor aos amigos, para exemplificar. Essa face do amor é a que deve permear toda a dedicação, trabalho do homem e da mulher que agregaram cargos políticos. Sem a nítida percepção e sensibilidade do amor Filos, com certeza, governar-se-á por interesses pessoais. Os eleitores precisam de representantes que se doem, como diz o chavão: de corpo, alma e coração. E a principal, porém não única, fonte de amor é o coração.

Platão, em sua obra A República, acenava como sendo o governante ideal, o rei-filósofo. Primeiro, por ser uma pessoa de uma bagagem intelectual suficiente para tanto, depois, por certo, pelo fato de ser considerado filósofo aquele que já tinha estudado vários anos e, consequentemente, por ser maduro de idade e com condições financeiras de manter seu patrimônio. Atualizando para a sociedade de hoje, Platão não daria por fato consumado, mas proporia (em certa ótica) que os governantes fossem aposentados.

Uma pessoa que já não precisa do trabalho do dia-a-dia, com certeza, terá tempo suficiente para doar-se de corpo, alma e coração pelo bem do povo. Contudo, que dizer de vereadores que dependem de uma jornada de trabalho diária, quando, na verdade, são pagos pela sociedade para fiscalizar aquilo que está sendo executado num município? Há dias, num diálogo entre braçonortenses, comentava-se: “Hoje veio aqui um vereador verificar como estava a situação de nossa rua, que sempre empoça quando chove, ou alguém decide lavar o carro”. Que bela atitude desse homem da casa legislativa. Que exemplo! Este é um homem que se dedica integralmente ao cargo de vereador, não possui uma outra jornada de trabalhos a não ser essa. Ou seja, este honra o salário que recebe, realmente trabalhando em benefício do povo.

Aludindo aos jovens vereadores e prefeitos, uma simples colocação. Com estes, se pensa sempre em mudar. A proposta dos mesmos é acabar com as velhas estruturas para fazer o município crescer. Mas o que dizer de jovens vereadores e prefeitos que já possuem o nome sujo diante do povo, em tão pouco tempo? Propõem-se dar cabo às velhas estruturas, mas acabam fazendo igual ou semelhantemente. Onde está a ética? O gato comeu?

Um apelo aos eleitos (agora não se tem mais adversários políticos, têm-se governantes). Por favor, senhores vereadores e prefeitos, em nome dos eleitores, uma súplica: façam política por amor. Amem o povo.