E agora, Haiti?

Completávamos um mês do COP15 e a natureza mostrou sua força outra vez. E justo no país mais pobre do Ocidente. Antes mesmo de existir poluição industrial ou outro tipo de poluição, as placas tectônicas já estavam lá. O deslocamento delas, que resultam nos terremotos, não são comuns para nós, mas uma realidade para outros povos. O resultado foi a destruição do país, de casas, dos sonhos e de vidas. Não existe um culpado e nem é hora para pensar nisso. Talvez seja melhor tentar responder: que lição poderemos tirar desse “castigo”? Merecia o povo haitiano passar por isso? E a humanidade aprenderá?

Enquanto escrevia este artigo, também via na internet, as notícias sobre a morte de 17 brasileiros e o envio de mais de US$ 500 milhões em ajuda. Que bom que o espírito de solidariedade e ajuda existe. Afinal, as poucas cenas registradas são muito comoventes. Sensibilizar à todos. Que pena que o dinheiro vem um pouco tarde. Antes de o Haiti liderar as manchetes dos jornais – fazendo com que esquecêssemos dos encantos das neves e do calor, pois só as chuvas causavam mortes – reportagens e documentários antigos já mostravam a pobreza e a miséria em que aquele povo vivia. Uma oferta financeira nesses valores de hoje, nos tempos de ontem, também seria bem-vinda.

Um Haiti mais desenvolvido faria diferença em um terremoto de sete pontos na escala Richter? Sim, embora a morte de muitos e a destruição material das cidades também ocorressem. Por outro lado, a população teria melhores condições de prestar socorro. Algumas casas poderiam ter uma estabilidade melhor. O próprio povo poderia contar com mais profissionais. Pode ser pleonasmo, mas muitos que não tinham nada perderam tudo. E nós, brasileiros, perdemos pessoas que queriam ver uma nação melhor.

As lembranças continuarão para eles e para nós. As cidades e as famílias carregarão chagas do terremoto, do dia em que suas vidas foram literalmente balançadas. Não sei se digo reconstruir ou construir um novo Haiti, só que desta vez deve ser melhor. A população não pode continuar na miséria, e o país deverá oferecer condições de dignidade humana. Por conseguinte, as grandes nações devem fazer mais de que campanhas nas catástrofes. A humanidade está triste, com dor, com fome e com sede.