Duplicação do trecho sul da BR-101 SC (fim)

A Santa e Bela Catarina, mais uma vez considerada “prostituta e bela Catarina”, parece ser terra de ninguém, terra de frouxos, terra de um povo sem brio, terra de submissos, terra do não estou nem aí, do se dane. Não é demais lembrar que na década de 80, por iniciativa do DC e da RBS, foram reunidos catarinenses da fronteira do Mampituba até Garuva, numa corrente de mãos dadas, reivindicando a duplicação da BR-101 em solo barriga verde. Concluído o trecho norte, jamais alguma autoridade ou representante civil das cidades do norte, ou do vale do Itajaí, manifestou-se solidária com o pobre povo do sul nesta empreitada infernal.
Finalmente em 2009, após a era do Sr. Faraco, a Fiesc abraçou a causa, batendo forte nas autoridades responsáveis pela inexecução deste projeto. Com dados inequívocos sobre o estado lastimável da obra, demonstrou com destaque a incompetência e a desídia como é tratada a rodovia em todos os níveis do governo.

Em uma manifestação pública, para mim e para tantos em tom de deboche, a ex-senadora Ideli Salvatti justificou a demora do início das obras com a seguinte frase: precisamos de um planejamento minucioso e consistente, pois a estrada será construída de acordo com padrões internacionais e de alto nível, e não com a péssima qualidade como foi pavimentado o trecho norte. Em outra oportunidade, a senadora, em resposta a um e-mail por mim encaminhado, disparou: “Senhor César, não vejo atraso nesta obra, tens que considerar que se trata do maior projeto em execução na América do Sul”.

Também de parte do sr. José Fritsch, ex-ministro da pesca, chamado ao cargo graças à notável experiência adquirida em atividades pesqueiras nos grandiosos mananciais oceânicos de Chapecó, falou que o povo do sul catarinense era afobado e deveria compreender que o atraso se devia às incessantes chuvas no período e das dificuldades na obtenção das licenças ambientais. Esqueceu que o norte do Rio Grande Sul praticamente se caracteriza com as mesmas condições atmosféricas do sul catarinense, e que lá todo o trecho foi concluído em 2010, mesmo com um túnel duplo, com quatro pistas e com extensão de 2,8 quilômetros. Esqueceu também aquela mesma ex-autoridade que a região onde se insere a referida passagem subterrânea é baixa, úmida e própria para plantação de arroz e com uma altíssima densidade populacional de pererecas e, portanto, passíveis de rígidas compensações ambientais.

Só para finalizar e admirar os europeus, que deixaram de honrar o contrato com o Dnit na entrega dos cabos de fibra ótica para equipar o futuro túnel do Morro Agudo, construíram o Channel Tunnel com extensão de 50,5 quilômetros e com 40 metros abaixo do nível do mar, num prazo de apenas sete anos. Aqui, bem aqui, o tempo para as licenças necessárias para as licenças ambientais, para as ………

Para minimizar o problema e resolver pelo menos em parte o impasse da travessia da Lagoa do Mirim/Santo Antônio, de Laranjeiras, de forma mais prática e de custo bem mais reduzido, sem contar com os ganhos ambientais (será?), seria de bom alvitre, sugerir-se ao general, novo diretor do Dnit, a implantação de um sistema ferry-boat para o local. Como alternativa, poderia se contar com os vagões da Ferrovia Tereza Cristina, naturalmente readaptados para o novo serviço, para as idas e vindas carregados com os pesados veículos, hoje denominados de caminhões, truks, carretas, bi-trens e outros trambolhos mais que circulam pela rodovia.