De uma leitora: “Fabio, qual a tua opinião sobre pornografia?”

Arte é cultura e cultura é produção humana. Mas nem tudo o que o ser humano produz é arte. Corrupção é produção humana, mas não é arte. A ética refere-se ao bom (comportamento) e a estética refere-se ao belo. A cultura precisa ser estética (bela) e ética para ser arte. Claro que temos noções diferentes sobre o que seja belo ou feio, mas alguns critérios devem ser considerados. Afirmar “tudo é arte” é banal, falso, descabido. Há concursos de cinema, literatura, pintura porque há critérios para se definir uma produção humana (cultura) como arte, e boa arte, de qualidade.

Razões comerciais fazem de uma produção uma não-arte, porque regida pela quantidade e não pela qualidade. Isso vale para pornografia e erotismo. Produções (revistas, filmes) caracterizadas pelo erotismo e pela pornografia são produções para o consumo, distantes dos objetivos típicos das produções realmente artísticas. Mas não é somente a exacerbação do aspecto comercial que afasta o erotismo e a pornografia da possibilidade de reconhecimento como arte. A pornografia oscila entre o grotesco e o aberrante.

Talvez exista o que alguns chamam de nu artístico (esculturas e pinturas), mas não se pode igualar a produção artística de grandes escultores e pintores ao erotismo comercial e à grotesca (e comercial) pornografia. O sexo explícito de filmes e revistas não é sexo “selvagem”, pois a lei da selva é mais lógica e, às vezes, até mais “humana” que a dos seres humanos. Haveria arte na colisão frenética de genitálias? Critico tais produções contrárias à estética e à ética (erotismo e pornografia) porque sou a favor do sexo e da sua beleza ética e estética. O sexo bom e belo, criado por Deus, é desprestigiado radicalmente por tais aberrações visuais.

Há uma ética e estética do sexo que precisa ser preservada tanto dos ataques dos puritanos rigoristas (um extremo) quanto dos ataques dos falsos profetas do sexo “livre” de vitrine (outro extremo). Sexo bom e belo é o praticado por pessoas responsáveis, compromissadas, que se amam, e não o sexo de vitrine das imagens grotescas produzidas para fins comerciais, que perderão consumidores quando a sociedade trocar a centralidade do sexo pela centralidade do amor. Sexo bom e belo é o praticado por amor, com respeito e delicadeza recíproca, entre um homem e uma mulher, casados, e num ambiente apropriado (não é atividade pública, de vitrine).

Jovens enamorados preparam-se para o casamento praticando intensamente o amor, mas transferindo as relações sexuais para o contexto sociológico da oficialização (religiosa e/ou jurídica) dos seus compromissos. O amor cria vínculos explícitos de responsabilidade pessoal e social (família). Grotesca não é a boa ética sexual cristã, mas o troca-troca insano, que conta com o suporte desequilibrado de falsas teorias que prometem felicidade e libertação, e produzem infelicidade e frustração. Para a ética cristã, os casais relacionam-se sexualmente por amor (união entre eles) e abertos aos filhos.

Quando, por razões de responsabilidade, decidem não ter mais filhos, continuam relacionando-se sexualmente (união conjugal), utilizando um método responsável de regulação da natalidade. A igreja católica recomenda o uso de métodos naturais. Aos casais com dificuldades biológicas, psicológicas, filosóficas e/ou sociológicas com os métodos naturais, resta (minha opinião) a possibilidade do uso do preservativo como método melhor que os farmacológicos (pílulas) e irreversíveis (vasectomia e laqueadura). Sou do parecer que o uso do preservativo é ético em tal situação.

No caso dos jovens ainda não casados, mais seguro é o amor sem sexo (por enquanto). Todavia, quando não conseguissem esperar, o uso do preservativo ajudaria a diminuir o risco de óbvios problemas maiores. Tratar-se-ia do recurso moral tradicional do mal menor. Será que há mesmo segurança na moral do sexo de consumo: “Transe sempre, em qualquer idade, e com qualquer um, mas use a camisinha”? Isso seria “sexo seguro”? Não é seguro nem humano. A verdadeira liberdade não é fácil, exige disciplina, responsabilidade, mas é uma conquista prazerosa.