Cala-te vento e acalma-te maré

Durante o sermão na semana passada, na Paróquia de Santa Terezinha, em Tubarão, estudamos o poder de Jesus Cristo ao ordenar aos mares e aos ventos revoltos que se calassem e se acalmassem, confiando. A passagem nos mostra o poder da confiança, sem duvidar da crença espiritual, mas também na capacidade de dominar as forças naturais?

No domingo, dia 16, por 40 minutos, fomos postos à prova de nossas crença e fé nesta força. O medo, o pavor e o horror tomaram conta por completo de nosso Eu interior durante aqueles minutos. As horas seguintes cederam lugar ao desespero e a sensação de impotência frente à necessidade de reconstruir, e para isso recomeçar. Mas, ao longo da semana, o que se percebeu foi o aflorar do espírito de solidariedade, fraternidade e companheirismo entre as pessoas e as famílias, todas dispostas a remarcar um novo começo. Afinal, somos brasileiros e guerreiros de nossas próprias histórias. 

A grande questão a ser enfrentada, para que cada um seja, efetivamente, o Senhor do próprio destino, são quais as causas que levam as forças da natureza a serem tão agressivas contra a fragilidade das coisas materiais, construídas pelo homem, em resistir a esta fúria. Afinal, só assim, seremos capazes de minimizar a repetição de ocorrências climáticas como estas, que destruíram nossas coisas, levaram vidas e aterrorizam nossas mentes e o nosso espírito. 

O respeito à natureza e à preservação de seus recursos naturais estão na essência deste aprendizado. Já que viemos, especialmente, nos últimos 50 anos, ao longo desta era industrial, desrespeitando-os e em muitos casos destruindo-os, para que as condições de bem-estar dos homens fossem melhoradas. Reestabelecer as condições naturais que encontramos, conservar e preservar, para que a natureza consiga restabelecer o equilíbrio natural é condição primeira, para “acalmar-se e aquietar-se”, frente às agressões ao homem e suas fragilidades. 

Previsões meteorológicas apontavam que em 100 anos tornar-se-á frequente a incidência de vendavais e chuvas muito fortes e de grande intensidade na região litorânea de Santa Catarina. Hoje, meteorologistas e empresas seguradoras, por conta da degradação ambiental no planeta, e também na região, já trabalham com a hipótese de que estes fenômenos sejam cada vez mais graves, e tornem-se cada vez mais frequentes, a partir dos anos de 2090.

Tubaronenses têm como marca indelével da personalidade a solidariedade e a fraternidade. A força incansável para reconstruir e recomeçar desta nossa gente é impressionante. Demonstramos estas características após as devastadoras cheias de 1974, e estamos demonstrando novamente agora. Ambos os eventos passaram a fazer parte de nossos pesadelos e jamais sairão de nossas memórias. Nós queremos que catástrofes deste porte voltem a se repetir? Certamente que não. Então, devemos nos mobilizar com atitudes sobre as causas que provocam estes eventos climáticos, para nos revestirmos do poder e da força divina, para determinarmos aos ventos que se acalmem e às marés que se aquietem.