Biocombustível, MST, economia social e Anitápolis

A polêmica sobre a abertura de uma mina de fosfato em Anitápolis não é uma simples seleção de investimento de um grupo multinacional.
Nos últimos anos, a opção pelo biocombustível na nossa matriz energética tem sido uma constante nas sugestões dos ecologistas. O etanol já supera a hidroelétrica na referida matriz. Especialistas entendem que a produção do mesmo pode prejudicar a oferta de alimentos no futuro, pelo deslocamento das áreas cultivadas com esse objetivo.

Por outro lado, a biotecnologia agrícola assombra alguns pensadores. Diz-se que os avanços nesse particular, notadamente na engenharia genética, podem deixar as grandes corporações internacionais do setor em condições de monopolizar o mercado com os extraordinários ganhos de produtividade que a pesquisa intensa vai proporcionar, ocasionando achatamento de preços. A agricultura dos países em desenvolvimento não teria competitividade. A preocupação pode ser observada nas ações do MST e Via Campesina, que vez por outra atacam e depredam instalações de multinacionais em operação no país que, entre seus objetivos, buscam a pesquisa biotecnológica agrícola.

Apresentados pela mídia televisiva como barbaridades, não lhes é dado a oportunidade de explicar as verdadeiras razões de seus procedimentos.
Temos na atualidade um presidente da república preocupado com economia social. Todos os brasileiros sabem disso. Particularmente, a eliminação da fome é um de seus apaixonados objetivos. Imagina-se sua decepção se o biocombustível interferir na oferta de alimentos aos pobres a quem ele tanto se refere.

A agricultura tradicional com qual o nosso produtor rural mais se identifica definida pelo MST precisa de quantidades maciças de nutrientes, o conhecidíssimo NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) dos engenheiros agrônomos. E aqui está a questão. O Brasil importa 60% de fósforo e 90% do potássio. Somos vulneráveis, dependemos de fontes externas. A situação chegou ao conhecimento do presidente Lula. Não foi por acaso que Ministério das Minas e Energias usou de sua autoridade e colocou em prática a mineração das jazidas de fosfatos no país. Dessa forma, estamos sustentando a segurança alimentar, nos preparamos para encarar a engenharia genética e damos uma certa tranquilidade ao MST e ao presidente Lula.

Quanto ao projeto da mina, a concessionária é obrigada a cumprir a legislação ambiental com monitoramento e medidas compensatórias cabíveis. ONGs que carecem de melhores informações valem-se do judiciário para travar o início de algo com grande apelo social e o pior esgotam a oportunidade de um diálogo de alto nível com os responsáveis pelo empreendimento. Estampam faixas ingênuas seguradas por enfurecidas garotas que melhor fariam se fossem protestar por falta de saneamento básico e dispersão do lixo, jogados na rede fluvial com destino ao Rio Tubarão, transformado em uma ETE que deveria ser mostrada pedagogicamente aos nossos alunos do ensino fundamental.