A vida é o trajeto!

 

Dia desses, conversava com uma amiga. Era daquelas conversas descompromissadas, cujo único objetivo era proporcionar boas risadas aos envolvidos. Falávamos sobre nossas pretensões, quando a ouvi dizer que seu único objetivo era “ser feliz”. Mas afinal, o que é essa tal felicidade? Aqueles que compartilham do mesmo objetivo de vida de minha amiga fazem isso para se sentirem bem consigo mesmos, ou apenas para não serem vistos como fracassados por outras pessoas? Tenho cá minhas dúvidas.
 
Há uma frase muito difundida, mas cabível na discussão. É atribuída a Mahatma Gandhi e fala que “não há caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho”. Particularmente, compartilho da ideia de Gandhi. Não creio que seja possível viver anos a fio em busca de algo simplesmente ignorando-se todo o percurso para chegar lá. Ainda que sejam tomados todos os cuidados cabíveis no caminho, corre-se o risco de se frustrar com o resultado. Essa frustração seria potencialmente reduzida se o caminho tivesse sido de fato apreciado. Ou além: talvez o caminho seja tão encantador, a ponto de já nem nos lembrarmos do objetivo inicial.
 
Desperdiçamos anos preciosos esperando o próximo acontecimento para sermos de fato, felizes. Serei feliz quando ingressar na faculdade; serei feliz ao sair da faculdade; Alcançarei felicidade ao casar, ao ter filhos, ao emagrecer, ao viajar, ao voltar, ao trabalhar, ao descansar, ao morrer…
 
A verdade é que, enquanto permanecíamos sentados no banco da estação da vida esperando o trem que nos levaria à plenitude, não nos damos conta de que a verdadeira felicidade estava nos trilhos que conduzem ao destino. E é assim que a vida ocorre para muitos: perde-se tanto tempo imaginando o final da jornada, que não se percebe que se perdeu a própria viagem. 
 
Minha amiga sabia que queria ser feliz. E era só o que sabia. O real significado da palavra felicidade era desconhecido por ela. É provável que ela passe pela felicidade – ou ainda que a felicidade passe por ela – e não se reconheçam. Ora, se não se sabe ao certo o lugar para onde se está indo, o mais recomendável é que se busque no caminho motivos que façam com que a aventura da vida valha a pena. Caso não se consiga alcançar o topo da colina, ao menos nos teremos deliciado com as flores e aromas do trajeto.