A língua portuguesa unificada

O acordo ortográfico, para unificação da língua portuguesa entre os países onde ela é a língua oficial, recentemente teve a aprovação e adesão de Portugal e passa a vigorar em 2009. Assim, Portugal, Cabo Verde, Brasil, São Tomé e Príncipe passam a escrever o português da mesma maneira, com pouquíssimas exceções.

É bom para os países envolvidos o fato de todos escreverem o idioma oficial da mesma maneira? As opiniões divergem. Apesar de cada país continuar falando a língua da maneira que falava, a grafia unificada significa avanço para uns e desperdício para outros. Em Portugal, as mudanças serão um pouco mais acentuadas – 1,42% contra apenas 0,43% no Brasil – e lá também as opiniões se dividem. A classe intelectual, segundo a imprensa, acha que é uma decisão política, que significa ceder a interesses do Brasil, onde há a maior quantidade de pessoas falando a língua portuguesa no mundo.

No Brasil, igualmente, também há correntes contrárias. Políticos acham que é bom, que vai melhorar a comunicação internacional, facilitando contatos diplomáticos e comerciais internacionais. Editores e livreiros também acham ótimo, pois todos os livros (e apostilas) didáticos usados no Brasil terão que ser reimpressos, não podendo mais ser usados, a partir de 2010, aqueles em circulação impressos até então, mesmo novos ou em bom estado.

E há a corrente que acha um absurdo gastar-se tanto dinheiro público para imprimir todos os livros da escola pública novamente, sem contar o aumento da conta na compra de obras exigidas pelas escolas particulares (só particulares?), por parte de pais de alunos. Não se poderá usar mais os livros usados de anos anteriores, por membros da mesma família e não será possível, pelo menos por enquanto, fazer-se trocas em feiras de livros usados ou comprar mais barato nos sebos, pois eles estarão desatualizados.

Considerando-se que a mudança é pouca, reduzindo-se quase que apenas à mudança de acentos e sinais e supressão deles, o gasto que isso reflete na republicação de obras didáticas, dicionários e gramáticas e o aumento do custo na edição de obras literárias, pois o trabalho de revisão será muito maior, não parece valer muito a pena para o consumidor final, o leitor, o estudante, o cidadão comum. As gráficas e editoras, sim, têm tudo para comemorar, pois vão ter muito mais trabalho por muito tempo.

O MEC já determinou que as obras do Plano Nacional do Livro Didático estejam de conformidade com as novas normas a partir de 2010. Assim, todos os livros didáticos que serão comprados para as escolas públicas deverão estar em consonância com as novas normas ortográficas da língua portuguesa. O MEC autorizou, também, as editoras a fazerem essa adaptação a partir de 2009, apesar de ainda não ser obrigatória.