A crise econômica deu um novo rosto para política internacional

Conversava sobre as eleições dos EUA e, a partir daquela conversa, percebi as diversas opiniões que iam surgindo entre Barack Obama e John McCain no dia-a-dia. É impressionante que o Brasil e o mundo pararam para acompanhar uma eleição, num período de crise econômica e arriscavam os seus palpites, para a sucessão da Casa Branca. Os americanos depois de perderem o crédito bancário foram buscar um amparo nas urnas, numa expectativa de tornar a política maior que o mercado.

Para o mundo da economia, Obama poderá não ser o salvador, mas para o povo dos EUA, a “mudança chegou à América”, conforme as próprias palavras de Obama pronunciadas em seu discurso, já eleito. Lembrando que Obama não é Roosevelt e o nosso mundo não é o de 1929 e os EUA estão longe da sociedade dos anos 30, passando hoje por uma depressão econômica. Mesmo assim, essa eleição repercutiu entre as nações. Hugo Chaves acredita em novas relações entre os países. O nosso presidente também vê excelentes relacionamentos entre as duas nações. E a Comissão Européia espera uma nova sociedade, visando o bem do mundo. E na pessoa do porta-voz do Vaticano, o padre jesuíta Federico Lombardi, diz: “Deus ilumine Barack Obama na sua grandíssima responsabilidade de poder responder as expectativas e as esperanças que se direcionaram a ele”.

E tratando da igreja católica, no mês de setembro, o arcebispo Raymond Burke, um norte-americano que ocupa um cargo de destaque dentro da Santa Sé, disse que o Partido Democrata – corre o risco de transformar-se em um partido da morte – por causa de sua postura quanto às questões bioéticas e ao aborto. Hoje, aponta uma nova luta, já traçada no governo do ex-presidente Bill Clinton. Por outro lado, temos o primeiro vice-presidente católico dos EUA, o democrata Joseph Biden. Biden, que vai à missa todos os domingos, comentou certa vez: “O próximo republicano que me acusar de não ter uma religião vai receber meu rosário goela abaixo”.

Com toda essa mobilização internacional sobre as eleições, os meios de comunicação colocando dentro de nossas casas uma eleição onde a participação, resume numa simples torcida. Contudo, muitos brasileiros conheceram tão bem os planos de governos dos republicanos e dos democratas, que num sentimento de torcida arriscavam em quem supostamente votariam. Em contrapartida, nas eleições municipais, nem lembram mais em quem votaram, quem dirá das propostas apresentadas. O sentimento que ficou após as eleições municipais é que: meu candidato ganhou ou meu candidato perdeu. É claro, alguém pode lembrar também.

O que vamos aprender com tudo isso. Será que os EUA podem nos dar uma lição ou é apenas a figura do Obama, representando um novo símbolo político, que não aberta mãos e nem tira fotos com crianças no colo, usufruindo-se apenas da tecnologia. Prestamos atenção nas idéias de Obama e McCain enquanto estavam em campanha, porque nenhum dos dois pode oferecer gasolina e cestas básicas. Não que nossos políticos façam isso, mas sim que esperamos que eles façam. E com isso o importante resume-se não em suas idéias e, sim o que vou ganhar pelo meu voto. Luther King colocaria “eu tenho um sonho”, estamos esperando esse sonho ou já estamos dentro da mudança política e econômica, pois os efeitos políticos e econômicos não são mais os mesmos.