4 meses se passaram…

 

Ao mesmo tempo que sinto que a separação de nossos corpos foi ontem, a saudade é tão infinita que aponta para uma eternidade. É… O tempo passou e eu continuo sofrendo, procurando respostas… Jamais vou tirá-las do meu pensamento. 
 
Não consigo virar a página, deixar vocês atingirem a plenitude. Não consigo continuar a escrever a minha história, mesmo com a certeza de que as lembranças se eternizaram e se transformarão no amor que ficou… Recomeçar de novo?
 
No livro da minha vida, vou manter para sempre as suas belas e brilhantes personagens e histórias… Porque no coração de mãe jamais se apagam as mensagens escritas na estrada da vida. Embora me sinta meio confusa nesta nova estrada, a vida com sua sabedoria me ensina que o melhor caminho é seguir em frente. Porém, eu sei que a sabedoria precisa de tempo, que fala no silêncio, na ausência, na dor, na saudade, nas lembranças e ouvi-la requer sensibilidade de espírito… 
 
Filhas… hoje eu ainda não consigo desviar as pedras (a dor da separação, da saudade, as lembranças, o sorriso, o toque, a ternura, o calor, as emoções, o nosso laço forte de amizade… Que Saudades! Mas sei que será necessário removê-las para um lugar seguro, guardar num cantinho especial do meu coração, fazer destas pedras um novo começo e, um dia um grande encontro, com os sublimes sentimentos de alegria e gratidão por ter lhes dado a vida, guiado seus passos, construído seus valores, participado de seus sonhos e projetos, vibrado, me orgulhado e compartilhado com nossos familiares e amigos as suas conquistas.
 
A felicidade não se acha… A nossa família é um exemplo de amor sem medida. Buscamos nos momentos e nas oportunidades dadas pelo criador o valor de uma vida, uma verdadeira família. Os instantes, os dias, as noites, os 26 anos de Diélly, os 23 de Gislayne, os 68 anos da minha mãezinha Leotildes, de convivência, de troca, de amor incondicional, foram intensos e marcaram as páginas da minha, da nossa história!
Hoje, quando meu corpo está frágil, meu coração soluçando em prantos, me faltam forças. Quando a vida interrompeu meus sonhos, não mais me permitindo desfrutar das amadas presenças físicas de vocês, da grande e saudosa “alegria” que vocês emanavam de seus olhares… Suas lembranças serão transportadas para um lugar secreto do meu peito, onde vocês deixaram registradas para sempre as marcas da eterna “felicidade”… 
 
É fato que a gente jamais pensou em um dia ver partir grandes amores das nossas vidas em questões de minutos, de forma tão trágica e subumana. Sabe, aquele amor incondicional? Que alimenta e fortalece a nossa fé e esperança? A grande viagem de vocês mudou a nossa rota, sonhos e planos de vida. As sementes que foram lançadas sobre a terra firme germinaram e deram muitos frutos, mas Deus não me deu o tempo, a oportunidade e a felicidade de participar de todas as colheitas. Vocês foram. Partiram ao encontro do Pai Celestial, transformando a minha vida num vazio imenso, sem graça… sem cor… sem brilho…,  sem beleza… numa dor imensurável… 
 
Acredito que possa ser assim mesmo. Que quando a gente interrompe uma grande caminhada tudo muda. Muda a forma com que a gente vê o mundo, muda o nosso jeito de pensar e de encarar a vida, mudam os nossos objetivos de futuro… Quando levam parte de nós, parece nada mais fazer sentido… A vida de repente torna-se paradoxal. Mas quero acreditar que o amor aliado ao tempo será o melhor remédio para a minha  alma. 
Rogo a Deus para que vocês, agora anjos de luz, continuem iluminando os nossos caminhos, intercedendo por mim, apaziguando nossos corações e emanando força e coragem para a maninha Daniélly, para o papai Emilson, que, mesmo sofrendo, tem sido o meu porto seguro, tem mantido acesa a chama do amor que nos uniu em 27/11/82, me encorajando a trilhar um novo caminho… Eu sei, filhas, que o valor das coisas não está no tempo em que elas duram, e sim na intensidade com que aconteceram. Eu amei muito vocês, mas muito mesmo, e sei que vou amá-las por toda a minha vida… e que um dia, mesmo vivendo das fortes lembranças, eu vou voltar a sorrir, retomar as minhas atividades, ser e fazer o Emilson e a mana Daniélly felizes!
Um grande beijo em suas almas!