Casas André Luiz garantem qualidade de vida e dignidade às pessoas com deficiência intelectual

Larissa Teixeira  
Assessora de Imprensa

Rodrigo Araújo da Silva chegou às Casas André Luiz com apenas 4 anos de idade apresentando deficiência intelectual leve e tetraparesia, problema que leva à perda parcial da motricidade dos quatro membros. Por meio de ações terapêuticas, atendimento especializado e atividades de inclusão social, ele aprendeu a realizar sozinho as suas tarefas diárias. Hoje, com 36 anos, faz parte da companhia de dança da instituição e quer se tornar cantor.

As Casas André Luiz foram fundadas em 1949 pela família Castardelli, em São Paulo. O que era inicialmente um abrigo para 15 crianças se tornou uma das maiores entidades do país voltada ao atendimento às pessoas com deficiências intelectuais. “Somos uma instituição que há 68 anos se dedica a promover a inclusão social, a liberdade e o aumento da qualidade de vida aos nossos pacientes”, explica Daniela Silvestre, responsável pelo contato com as empresas parceiras.

Com um trabalho especializado e único, a entidade cuida hoje de cerca de 2 mil pessoas, das quais 600 são residentes na Unidade de Longa Permanência (ULP), em Guarulhos. A ULP ocupa 35 mil m² e é dividida em quatro prédios dedicados ao atendimento exclusivo à pessoa com deficiência intelectual leve, moderada, grave ou profunda, com ou sem deficiência física associada. Todos os pacientes internados exigem cuidados contínuos por toda a vida, já que os casos graves somam 72% e os acamados e/ou cadeirantes somam 42% do total. Janderson Adriano Ignácio mora na unidade desde os três anos, pois a família não tinha condições de cuidar dele. Com tetraparesia de comprometimento, doença que limita o movimento dos quatro membros, ele vive em uma pequena casa construída nos jardins da instituição. Graças ao atendimento que recebeu nas Casas desde muito cedo, ele realizou um dos seus maiores sonhos: trabalhar. Hoje, com 40 anos, Janderson é office boy e transporta correspondências nas dependências da ULP.

No Ambulatório de Deficiência Intelectual, que fica no bairro de Vila Galvão, em Guarulhos, outras 1400 pessoas são acolhidas em regime ambulatorial. Ao todo, são cerca de 230 mil atendimentos anuais em todas as especialidades médicas e odontológicas, que garantem apoio às famílias que não têm condições de pagar por consultas e tratamentos.

Para manter essa estrutura, as Casas recebem um aporte de verbas do Sistema Único de Saúde (SUS), valor que representa apenas 30% dos gastos totais da instituição. Por isso, foi preciso encontrar outras fontes de captação para financiar o trabalho: o Mercatudo, projeto que reaproveita móveis, eletrodomésticos e materiais doados pela sociedade para vendê-los a preços populares; o setor de telemarketing, que recebe doações de pessoas físicas; e o Programa Empresas Iluminadas, realizado em parceria com companhias que contribuem mensalmente com dinheiro, produtos ou serviços.

Apesar dos projetos e parcerias, as Casas André Luiz atravessam um dos períodos mais críticos de sua história. Em meio à grave crise econômica que afeta o país, pessoas e empresas passaram a doar menos, fato que impactou nas contas da entidade. “Sentimos o peso nas contas básicas, e muitos serviços tiveram que ser renegociados ou cancelados. Lutamos diariamente para superar as dificuldades financeiras e buscar alternativas, já que tivemos uma queda brusca nas doações, que impactou diretamente na manutenção dos nossos trabalhos”, conta Margareth Pummer, diretora tesoureira da Instituição. Outra consequência da crise foi o fechamento de uma unidade ambulatorial no bairro de Santana, na zona norte de São Paulo, inaugurada em 2014.

Com capacidade para atender outros dois mil pacientes e suas famílias, o local teve as atividades suspensas no final de 2016 devido à falta de recursos financeiros. Atualmente, a entidade trabalha para sobreviver por meio da busca de parcerias e da implantação de um plano gestor, responsável por enxugar gastos e otimizar os processos internos.