Os Cedups e os repetidos equívocos

Maurício da Silva
professor e Mestre em Educação

A suspenção e posterior retomada parcial das matrículas nos Cedups lançou luzes sobre um gravíssimo problema social – a evasão escolar – que o governo do Estado insiste em tratá-lo de forma que o agrava ainda mais.

Crianças e adolescentes fora da escola – ou na escola, mas com rendimentos ou atitudes inadequados – serão, salvo exceções, 1) subempregados ou desempregados (as novas formas de produção e de gestão da economia exigem trabalhador qualificado e ético) e 2), autores ou vítimas da crescente violência (a cada 1% de aumento nos adolescentes de 15 a 17 anos que frequentam a escola, os homicídios registrados em um município caem 5,8%, revela pesquisa do Ipea e FGV).

A sociedade pagará mais impostos – já destina cinco dos 12 salários anuais para isso – para assisti-los e/ou mantê-los encarcerados (cada um custa, anualmente, R$ 21mil) e perde R$ 550 mil para cada um deles assassinado (ou R$ 450 bilhões, entre 1996 e 2015), segundo a Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo federal (Eles não produzem e não ressarcem para a sociedade os investimentos que recebem desde antes do nascimento: exame pré-natal, alimentação, vestuário, calçado, remédio, teto, escola etc.). É a receita para ruína das nações.

No Ensino Fundamental o governo combate a evasão escolar por meio da Aprovação Compulsória dos alunos e da diminuição da media para aprovarem, de sete para seis, conforme Portaria 189 de 9/2/2017/ SED.

Grave equívoco. De fato, a reprovação é a principal causa intraescolar de evasão. Mas aprovar alunos que nada aprenderam, contribui para melhorar as estatísticas de aprovação escolar e a permanência momentânea deles na escola, mas não a aprendizagem, que é o que favorece aprovação e permanência consistentes. Ou seja: apenas adia e recrudesce o problema.

Nos Centros de Educação Profissional do Estado (Cedups), a estratégia para combater a evasão – que chega a 40%, segundo a Secretaria Estadual da Educação – foi impedir o acesso de novos alunos. Outro grave equívoco. O problema alegado não é de superlotação- cuja solução também não seria essa – mas de não permanência dos alunos nos cursos técnicos.

Investigar as causas da elevada evasão seria a medida adequada. Trabalho, gravidez precoce e ensino desinteressante constituem fatores mais comuns, mas bons professores podem fazer a diferença. Sobressaem-se, também, as dificuldades de aprendizagem e a reprovação (que se resolve com a melhoria do ensino e retrabalho imediato dos conteúdos não aprendidos) e negligência (que dependendo do caso deve-se recorrer ao Conselho Tutelar). Prevenir e Combater o bullying, a gravidez precoce, o uso de bebidas alcoólicas e outras drogas também constituem ações eficazes.

Corrigem-se os equívocos escolares ou o Brasil não terá correção.