O processo contínuo de adaptação e confiança em crianças da Educação Infantil

Eliana Graciliano
pedagoga, psicopedagoga e mestre em educação

Muitas famílias vivenciaram no início do ano um ritual de inserção dos filhos pequenos na vida escolar. Esses responsáveis elencaram as escolas de interesse, visitaram, coletaram os documentos necessários e, provavelmente, nos últimos dias, além da correria com o material escolar, estiveram divididos entre os sentimentos de ansiedade e angústia.  Pensamentos como “será que ele vai se adaptar à professora?”, “será que vai chorar muito?“, “e as rotinas que ele tem em casa, serão respeitadas na escola?”.

São tantos os questionamentos que os pais acabam mais preocupados com o início das aulas do que a própria criança. Passado o primeiro momento, e com o avanço dos dias de aula, surgem os primeiros sinais de adaptações, para pais e alunos.

Nós, profissionais da educação, sabemos que a adaptação ao novo espaço começa desde a visita à escola, e não de forma específica na primeira semana de aula. Esse momento, na verdade, é o resultado de todo um preparo.

Uma adaptação tranquila pode ser pautada por dois principais elementos. O primeiro deles é a confiança da família na instituição de ensino escolhida. Isso se revela no olhar ao filho e em todas as ações futuras. Acredite, a criança, mesmo a mais nova, sente pelo adulto quais locais podem lhe ser seguros e agradáveis para sua convivência.

O segundo é acreditar que esse processo é apenas um dos desafios que a criança passará em sua vida. Os desafios nos movem, enriquecem e ensinam que somos seres em potencial e, quando impulsionados por pessoas queridas, as crianças vivenciam as experiências de forma mais leve e saudável, com elevação da autoestima.

Algumas dicas também podem ser levadas em consideração pela família, tais como a constante organização da rotina escolar em casa, evitar a associação de perdas por estar em um novo ambiente, como a retirada de fralda ou chupeta. Manter os pertences da criança junto a ela também pode ser positivo, assim como evitar chorar na frente da criança, pois ela pode entender como algo sofrido e cair no desespero. Esse momento precisa ser vivido como algo natural e prazeroso para ambas as partes e, estar aberto ao novo é essencial.

Uma instituição de ensino preparada e capacitada para acolher essa criança em seu meio, proporciona 50% de chance para uma adaptação com processo tranquilo. Além disso, uma metodologia diferenciada e uma pedagogia própria tornam-se imprescindíveis, pois, por vezes, o “colinho” ganhará a vez de uma atividade planejada, por exemplo. Um profissional sensível aos sentimentos da criança, uma postura segura e com escuta atenta são algumas das habilidades que acalentam a criança permitindo que se sinta protegida em seu novo colégio.

Essas atitudes dentro do colégio tiveram início nas primeiras semanas de aula, mas precisam ser mantidas mesmo agora, quando já há melhor interação, avançando para os bons resultados de adaptação até as férias de julho.

Se pudesse eleger uma palavra-chave neste processo, escolheria confiança. Confiança na escola, no potencial da criança e na conduta da instituição de ensino. Novas amizades surgiram e o rol de vivências que a criança ganhou, certamente está superando os chorinhos que assustaram os pais inicialmente.