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Onde a vida nasce

Beatriz  Juncklaus
TUBARÃO

Trabalhar como jornalista nos proporciona conhecer pessoas e lugares a  todo o momento. É atuar um dia diferente do outro. O amanhã é sempre uma expectativa. Poder viver, conversar, relatar, de forma profissional, os fatos, os momentos históricos para um bairro, uma cidade, uma região, Estado, país, nosso planeta é aprender, colaborar, ser e lutar por um mundo melhor.

Vivi uma experiência mágica, mas não tinha nada de truques… era realidade pura, em cores. Notei sorrisos, choro de felicidade, escutei o som de uma nova vida, os detalhes do significado de família, pude entender um pouquinho de como é gratificante e o quão grande é o trabalho de uma equipe de profissionais da área da saúde que atua em um parto, ainda mais quando este é humanizado, incentiva o contato instantâneo com a mãe, a amamentação em sintonia única, a paz de quando uma nova vida recebe o abraço aconchegante e o contato de conforto de uma genitora orgulhosa, protetora, agradecida pela natureza ser tão bela.

Obrigado ao Notisul por poder deixar contar um pouquinho desta história, e ao Hospital Socimed, que nos abriu as portas daquela sala ‘mágica’ que sopra novas vidas, nascidos por mãos de anjos da medicina.

A CHEGADA NO HOSPITAL

Como a maioria das pessoas, eu também não gosto muito de hospitais. Mas naquele dia, fomos recepcionados em um andar diferente, com uma atmosfera que chegava a ser de paz. A ala da maternidade do Hospital Socimed estava iluminada, apesar do dia cinzento e chuvoso que fazia em Tubarão (esta quarta-feira). Era ali que a mágica acontecia. Como me falaram as enfermeiras, a ala da maternidade era o “espaço feliz” do hospital. 

A PREPARAÇÃO

Enquanto não chegava o horário do parto, conhecíamos toda a estrutura do hospital. Para as mães que teriam parto normal, a ala da maternidade era toda preparada para elas. Bolas, banheiras, camas especiais e tecidos acrobáticos. Segundo o médico Fernando Delgado, diretor executivo do Hospital Socimed, que acompanhava a nossa visita, tudo ali era pensado para deixar a mãe o mais confortável possível e facilitar a chegada do bebê. Foram meses de estudo para inaugurar este espaço, há aproximadamente 120 dias. 

NOVATOS EM CENA

Preparamo-nos para a hora do parto. Assim como eu, o colega Luiz Henrique Fogaça, que fazia as gravações para o Notisul, nunca tinha visto um parto pessoalmente. Estávamos preocupados como seria este momento. O doutor Fernando brincava conosco sobre passarmos mal e desmaiar dentro da sala. Mas, no final, nós dois conseguimos passar por mais este desafio.

“Me espera”

Quando entramos na sala, o ar aquecido logo nos atingiu. De acordo com o doutor Fernando, a temperatura era mantida mais elevada para o bebê não sentir a diferença de ambiente e poder ficar junto dos pais por mais tempo. As luzes da sala foram substituídas por luzes amareladas, trazendo mais aconchego para o ambiente. Logo em seguida, a segunda coisa que percebemos foi que uma música tocava de fundo. “Me espera”, canção do Tiago Iorc com a Sandy, preenchia todo o ambiente e traduzia aquele momento perfeitamente: a expectativa pela chegada do bebê.

GABRIEL, O BEBÊ

Não muito depois que entramos, os enfermeiros começaram a abaixar o lençol que tampava a visão da mãe. Era chegada a hora do nascimento. “Você vai sentir uma pressão porque vou tirar o bebê”, disse o obstetra. Segundo o doutor Fernando, na cesárea humanizada todos os passos são informados à paciente. Momentos depois, o Gabriel nasceu, e, ainda ligado pelo cordão umbilical, foi entregue aos braços da mãe. O pai, que acompanhava tudo de perto, não conteve as lágrimas. Assim como a jornalista que narra este nascimento.

PAI E FILHO

Gabriel ficou no colo da mãe, Gislei, o tempo inteiro. Todo o atendimento feito com o bebê foi realizado ali, enquanto ela segurava o bebê. E este é o principal objetivo do parto humanizado: ter a mãe como protagonista de toda a ação. O pai, Daniel, limpava o rostinho, as maõzinhas e o corpinho do Gabriel. Depois, foi a vez de ele segurar o recém-nascido. E, enrolado em uma cobertinha, aquela nova vidinha não saiu mais dali. Olhando para o Daniel, era como se toda a sala tivesse desaparecido.

A CHUVA E AS LÁGRIMAS

Quando deixamos a maternidade, chovia forte em Tubarão. Ainda não tínhamos conseguido compreender toda a mágica daquele momento (e não sei se algum dia iremos). Enquanto caminhávamos em direção ao carro, eu já não sabia se o que escorria pelo meu rosto eram as gotas de chuva ou as lágrimas que ainda cismavam em aparecer quando eu pensava no que tinha acabado de presenciar.

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