Em julho de 2024 foi noticiado que os golpes virtuais cresceram no Brasil, enquanto os roubos presenciais diminuíram. Essa informação, referente aos anos de 2022 e 2023 e revelada pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, é complementada pela análise de que tais crescimento e diminuição se correlacionam: o ambiente digital oferece menos risco e esforço aos criminosos.
A “democratização” das perdas privadas é um dos aspectos mais ameaçadores dos crimes digitais. Se todos estamos dependentes da conexão à internet para tarefas simples no cotidiano, desde crianças e adolescentes até a terceira idade, o seio do lar se apresenta como uma possível superfície de ataque para agentes criminosos.
É verdade que gerações são visadas de maneiras diferentes como alvos. As abordagens dos marginais são também variadas para convencer e atingir esses “públicos” diversos.
Perdas e precauções
As perdas com crimes virtuais podem variar muito, desde a perda de dinheiro até a perda de dados e documentos virtuais importantes, passando pela humilhação pública.
Tristemente, o cidadão comum não sabe o que dá para fazer com o IP de alguém. Esse exemplo é relevante porque uma pequena dose de conhecimento poderia evitar muitos problemas: o IP é um número atribuído a cada dispositivo que acessa a internet. Ele pode ser visualizado em conexões não seguras e pode ser cruzado com outros dados, revelando informações importantes sobre uma pessoa, como sua localização geográfica.
Felizmente, algumas ferramentas e boas práticas podem ser adotadas para evitar o vazamento do IP, de outros dados pessoais e a exposição a riscos desnecessários.
Uma das principais atitudes de autopreservação virtual é evitar expor informações privadas online. Embora a lógica das redes sociais estimule justamente o oposto, isso não favorece nem a segurança nem a privacidade. Algumas pequenas atitudes contam muito:
- Se for publicar fotos e tiver filhos, evite expô-los;
- Experimente não mostrar imagens da sua casa e nem compartilhar sua localização em tempo real – poste um stories daquele restaurante legal depois de sair dele
- Não discuta em ambientes públicos da internet revelando detalhes privados como números de telefone, e-mail, endereço ou relações pessoais
- Evite compartilhar fotos íntimas ou seu endereço com desconhecidos
No que diz respeito a ferramentas de cibersegurança, programas antivírus e VPN são senso comum. Os antivírus alertam sobre perigos iminentes ou contágio por programas e vírus, e geralmente servem para remediar tais problemas. Já a VPN proporciona conexão privada e segura à internet, escondendo o IP da máquina e codificando as comunicações online.
Alguns tipos de golpes e cooperação pela proteção
Há uma certa diversidade de formatos de golpes virtuais. Alguns dos mais comuns são:
- Ataques DDoS: ataques que congestionam a rede de um usuário, impedindo de acessar sites
- Phishing: uma fraude eletrônica que consiste em persuadir a vítima a acessar um link não seguro, onde pode ter seus dados roubados ou computador invadido
- Roubo de credenciais: Acesso e uso de dados de acesso a variados serviços digitais para usos alheios ao desejo de seu titular
- Sequestro de dados (ransomware): Bloqueio do acesso a documentos e dados básicos pessoais, seguido do condicionamento do acesso ao pagamento de um “resgate”.
Essas e outras ameaças são “embaladas” de maneiras variadas por cibercriminosos para atingir alvos diferentes.
Pessoas idosas, por exemplo, tendem a ser mais visadas em golpes financeiros, seja pelo entendimento de que acumularam dinheiro em sua vida ou pela noção de que precisam de dinheiro para cobrir gastos cada vez maiores.
Assim, são alvo de muitas fraudes na forma de uma autoridade bancária, financeira ou governamental. Os golpistas podem fazer uma oferta de investimento, de empréstimo consignado ou solicitar uma falsa demanda para regularizar fundos da aposentadoria ou acesso ao convênio de saúde.
Já a geração Z, que concentra a maior perda de dinheiro com golpes, muitas vezes é ludibriada por golpistas em plataformas de comércio virtual e serviços online. Menos experientes do que gerações mais velhas, podem aprender boas práticas com seus pais e ensiná-las a parentes idosos, que têm menos familiaridade com o mundo virtual e as novas tecnologias.
Os desafios à segurança digital evoluem muito rapidamente e uma abordagem cooperativa entre gerações pode ser uma das maneiras mais eficazes de identificar vulnerabilidades e proteções, especialmente num ambiente doméstico familiar. Grande parte das fraudes online depende mais da velha lábia de estelionatários do que de tecnologias muito complexas. Assim, pessoas mais velhas podem compartilhar sua experiência, enquanto as mais jovens podem decifrar melhor os novos formatos e abordagens que os golpes tomam conforme a tecnologia evolui.