Início Opinião Natal contente – um conto infantil

Natal contente – um conto infantil

O Natal já estava quase chegando e Eloqüente estava muito feliz, porque ela e Verboso, seu irmão, aguardavam um presente especial do Papai Noel.
Naquela semana, os pais de Eloqüente e Verbosinho, Dona Lentidão e o Senhor Calmo Íssimo, viajaram para fazer um curso de eco-malacologia. No quintal, onde morava aquela família, a terra era bem limpa, mas eles preocupavam-se com o futuro.
Ultimamente, ouviam-se muitas notícias ruins sobre uma invasão de achatinas fulicas, os gigantes caramujos africanos.

Tais moluscos poderiam produzir um muco pestilento, se contaminados.
Dona Granlesma, a avó de Eloqüente e Verbosinho, caminhou longínquos 28 centímetros e trouxe nas costas uma folha de alface para o jantar dos netos. As crianças adoravam aquela alface orvalhada, e tão suculenta, que provocava uma sensação de frescor escorregadio. Os caramujos sabiam que alface era bom para seres humanos, mas os moluscos gastrópodes, classificação na qual eles foram catalogados pelos homens, nos livros, também adoravam aquela hortaliça.

Quando Dona Lentidão e o marido chegaram à casa logo perguntaram pelos filhos, mas vovó Granlesma explicou que, após o jantar, eles caíram tontinhos de sono.
Enquanto Dona Lentidão orientava a troca de turno, no plantão dos pirilampos, que mantinham a claridade da casa, o Senhor Calmo fez uma sopa de asa de louva-a-deus, que caíra do céu. Vovó Granlesma que terminara de bordar um vaivém gosmentinho sobre o sofá de pedra, recolheu-se para dentro da concha e foi dormir.
Finalmente, chegara a esperada noite da véspera do Natal!

Ao garboso Garn Zé foi solicitado que entoasse a missa do galo, então, ele subiu na laranjeira e entoou o Aleluia de Haendel. Garn Zé adorava aquela composição e negava-se a cantar qualquer outra. Ele foi muito aplaudido pelos latidos de Celebridade, um amor de cachorrinha, que também habitava aquele terreiro.
Estavam todos embevecidos pela beleza daquela noite do aniversário do menino Jesus. Eloqüente e Verbosinho estavam com grande expectativa a respeito daquele sonhado brinquedo, quando Maria Quitéria abriu a porta dos fundos e atirou nos canteiros as cascas de fatias da melancia, que fora servida na ceia.

Toda a família do Senhor Calmo Íssimo soltou em uníssono um “ohhh” de puro prazer.
Vovó Granlesma, seu Calmo e Dona Lentidão aproximaram-se das cascas da melancia e empurraram uma enorme, puxando-a, até que ela ficasse num declive do terreno, na posição ideal. Em seguida, Eloqüente e Verbosinho subiram sobre aquela superfície lisinha, verde-bandeira com pigmentos amarelos, da imensa casca e começaram a brincar de escorregar.

Finalmente, chegara o presente desejado: um tobogã de melancia!
A felicidade era quase completa. Para completá-la, começou a cair uma chuva ultrafina, o que facilitava a festa no tobogã. Um grupo de grilos vestidos em tom verde-limão pousou bem naquelas imediações, e iniciou a cantoria do Terno de Reis.
O Natal mais contente, na vida de Eloqüente, estava se realizando!

Sair da versão mobile