Início Opinião Não se nasce mulher. Torna-se mulher!

Não se nasce mulher. Torna-se mulher!

 

O capitalismo dividiu a sociedade em classes. Criou o espaço público e o espaço privado, convencionando que o primeiro é o território dos homens, dos iguais, da liberdade, do direito, e o segundo o lugar das mulheres, do doméstico, da subjetividade. O capitalismo também estabeleceu a divisão sexual do trabalho numa visão de que a produção é trabalho de homem e de que a reprodução é trabalho de mulher.
 
No século 19, o feminismo – movimento social, cuja meta é, em grande parte, reivindicar direitos iguais entre homens e mulheres – buscou ampliar os direitos liberais, como, por exemplo, os direitos de propriedade, o direito ao voto, o direito da mulher à sua autonomia e à integridade de seu corpo, o direito ao aborto e aos direitos reprodutivos, a proteção contra a violência doméstica, o assédio sexual, o estupro e os direitos trabalhistas, deveriam se estender a ambos os sexos.
 
Por certo que o enfrentamento a todas as formas de discriminação iniciado pelo feminismo tem, na desigualdade de gênero, uma de suas dimensões mais evidentes e, ainda que os avanços da legislação sejam ferramentas para a superação destas desigualdades, esta não tem garantido o exercício da cidadania. Basta recordar à necessidade do STF em julgar constitucional a ação penal nos casos de violência doméstica contra a mulher e que esta independe da confirmação – representação – da vítima.
 
É fato que as mulheres também enfrentam desigualdades e sofrem discriminação nas relações de trabalho, tais como dupla jornada, falta de creches ou condições para que possam levar seus filhos, diferenças salariais, acesso, ascensão e permanência aos cargos de poder/direção, penalização pelo direito à maternidade, dentre outros. E, para vencer esses obstáculos, é necessário que mulheres e homens brasileiros deem um passo na construção de uma sociedade na qual a igualdade entre gêneros seja uma virtude. 
 
Importa lembrar que, no início do século 20, a mulher não tinha direito a votar, tampouco ser votada, e hoje, início do século 21, temos uma mulher na presidência da república! Um avanço quando se considera que vivemos em um país ainda bastante patriarcal, machista e preconceituoso e em uma sociedade cujo modelo social também ainda está baseado na hierarquização e exploração das relações de gênero, de classe e de raça. 
 
Pode parecer utopia, mas desejo viver em uma sociedade que leve em consideração as reivindicações das mulheres no quadro socioeconômico do país e a sua intervenção na elaboração de políticas públicas específicas e globais. Desejo viver em uma sociedade que reconheça a importância da mulher e seus direitos na sociedade, que respeite e defenda a igualdade de gênero. Eu acredito que isso seja possível. E em breve!
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