Mudanças climáticas e fome são discutidas em encontro nacional na UERJ

Foto: Agência Brasil - Divulgação: Notisul Digital

O 6º Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), está discutindo a crescente relação entre mudanças climáticas e insegurança alimentar. O evento, que acontece até esta sexta-feira (13), reúne especialistas e pesquisadores para abordar como as alterações climáticas impactam o acesso à alimentação saudável.

A coordenadora do evento, Rosana Salles da Costa, professora do Instituto de Nutrição Josué de Castro da UERJ, destacou que a insegurança hídrica, uma consequência das mudanças climáticas, compromete o acesso a alimentos. “Estamos debatendo como a segurança alimentar está relacionada às mudanças climáticas, que afetam a quantidade e qualidade da água disponível e prejudicam áreas de cultivo”, explicou à Agência Brasil.

Impactos das mudanças climáticas na segurança alimentar

Durante o encontro, foi enfatizado como as mudanças climáticas influenciam diretamente o aumento dos preços dos alimentos e a insegurança alimentar:

  • Prejuízo no cultivo de alimentos: Com as mudanças climáticas e as queimadas, áreas de plantio são comprometidas, afetando a produção de alimentos.
  • Aumento dos preços: A redução na produção eleva os custos dos alimentos, tornando o acesso mais difícil para a população.
  • Necessidade de políticas públicas: A professora Salles da Costa ressaltou a importância de criar políticas públicas eficazes para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e garantir a segurança alimentar.

Análise da insegurança alimentar no Brasil

A pesquisa também abordou a situação da insegurança alimentar no Brasil, destacando as diferenças entre grupos sociais:

  • Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA): Identifica três níveis de insegurança alimentar – leve, moderada e grave.
  • Diferenças por gênero e raça: Dados da Pnad Contínua mostram que 10,8% dos lares chefiados por mulheres enfrentam insegurança alimentar moderada ou grave, comparado a 7,8% nos lares chefiados por homens. Além disso, 74,6% dos lares com insegurança alimentar grave são chefiados por pessoas pretas e pardas.
  • Impacto sobre mulheres negras: A professora Salles da Costa destacou a necessidade urgente de políticas voltadas para os lares chefiados por mulheres negras, que são desproporcionalmente afetados.

Ferramentas e pesquisas apresentadas

O evento também apresentou novas ferramentas e dados:

  • App VIGISAN: Desenvolvido pela Rede Penssan, auxilia na pesquisa sobre grupos sociais vulnerabilizados.
  • Plataforma FomeS: Elaborada com apoio do Ministério da Saúde e do CNPq, fornece dados sobre mudanças climáticas, insegurança alimentar, saúde e estado nutricional das crianças.

O encontro contou com o patrocínio do Ministério da Saúde, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Fonte: Agência Brasil