Neste final de semana, os católicos que se reunirem para celebrar o Dia do Senhor meditarão o Evangelho de Marcos 10, 46-52. O texto relata a caminhada de Jesus seguido por uma multidão. Neste caminho, encontra Bartimeu, o filho de Timeu, e o cura de sua cegueira.
Bartimeu “estava sentado à beira do caminho”. Esta informação pode passar despercebida, mas é uma das chaves de leitura para o texto. No início do cristianismo, antes mesmo dos discípulos de Jesus serem chamados de cristãos (At 11, 26), eram reconhecidos como “os seguidores do Caminho”, o caminho proposto por Jesus. Bartimeu estava à margem do caminho – seguimento; não era um daqueles que acompanhava o Mestre, ainda não estava incluído na dinâmica do Reino, proposta por Jesus.
Quando ouviu que Jesus estava passando, grita confiante: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” Esta oração comoveu o coração de Cristo. Expressava mais que o desejo da cura, pois queria ser visto, tocado, percebido, amado, enfim, incluído. Mas, para isso, Bartimeu precisava abrir os olhos, os olhos do coração, não só os seus, mas da multidão, sem nome e expressão.
O momento decisivo foi o encontro pessoal, direto, entre o Senhor e aquele homem sofredor. Mesmo que muitos daqueles que acompanhavam Jesus diziam a ele que se calasse, ele, com voz forte, na escuridão de seus olhos, mas com a luz e certeza da fé, continua a gritar: “Filho de Davi, tem piedade de mim!”. Jesus sente a dor e o coração daquele homem que expressa fé; não lhe é indiferente.
Um está diante do outro: Deus, com o seu desejo de curar e o homem com o desejo de ser curado. Duas liberdades, dois desejos convergentes. E o milagre se realiza com as palavras: “Vai, a tua fé te curou”! Alegria de Deus e alegria do homem!”. A fé é um caminho de iluminação: parte da humildade de quem se reconhece necessitado de salvação e chega ao encontro pessoal com Cristo, que o convida a segui-lo no caminho do amor. Com a sua cura, o homem passa a seguir Jesus, tornando-se seu discípulo.
E, “no mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho”. Não o caminho físico, mas aquele que necessita dos olhos da fé, próprio daqueles que compreendem a mensagem de Jesus. Sem esta experiência do encontro pessoal com o Filho de Davi, Bartimeu não seria capaz de compreender o caminho que faria o Senhor à Jerusalém, onde seria morto e ressuscitaria! Somente o encontro pessoal e verdadeiro com o Mestre, que nos liberta de nossas cegueiras, é que nos torna capazes de entender o seu sacrifício de amor.