Tubarão: o IPTU, o reparo do passado, a promessa de futuro

Os acontecimentos que se repetem no cotidiano se normalizam. Até mesmo transformações de grande porte, se acontecem aos poucos, perdem o impacto da surpresa; quando ficam prontas, ainda que bonitas e destacadas, se nos parece que já estavam na paisagem.

Tenho ficado bastante ausente de Tubarão, então, nos momentos de retorno, deparo-me com modificações importantes, com obras relevantes, com recuperação de áreas degradadas por longo descuido. São redesenhos da paisagem urbana que dão graça e porte à cidade.

Estou elogiando a atual administração? Prefiro dizer que reconheço fatos com olhos de querer ver. Se for necessário um exemplo, vejam-se nossos acessos à cidade: antes, chocavam visitantes; agora, confortam a quem nos visita e, sobretudo, confortam a nós mesmos.

Sobre o futuro, creio que as duas maiores marcas da administração Ponticelli serão a drenagem do bairro Dehon e a travessia do Pirituba, com o prolongamento da Avenida Tancredo Neves. Eu lhe tenho sugerido com insistência uma terceira: que arborize toda a cidade. Torço para que o faça.
Essa última obra desdobrará Tubarão para uma larga área aberta. Se houver bom plano de urbanização e paisagismo adequado, teremos uma readequação da cidade e um cartão postal do qual nos orgulhar.

A respeito do resgate de obrigações do passado as quais Tubarão deixou de cumprir, o pagamento de precatórios (na prática, dívidas judicializadas do Município) começaram a acontecer, tirando o nome de Tubarão dos cadastros de “nomes sujos”.

Como qualquer devedor, uma cidade que não esteja com as contas em dia fica complicada na iniciativa de seus negócios, recebe veto para tomar empréstimos, obter financiamentos, realizar parcerias que nos beneficiariam.

As dívidas herdadas são decorrentes de processos originados desde os idos de 1982, somando, em janeiro de 2017, R$ 36.888.591,42. Foram pagos, na atual gestão, R$ 26.888.804,90, mas falta quitar R$ 19.790.444,05, considerando juros e correção monetária.

Para efeito de comparação de valores, veja-se que o Orçamento total anual da cidade (2019) é de R$ 310.000.000,00; o da Educação alcança R$ 98.338.000,00; o da Saúdo atinge R$ 61.148.424,04.

Note-se o quanto tivemos que nos espremer para o resgate do nome da cidade: as nossas obrigações passadas somam mais de um terço de tudo o que gastaremos com Educação ou mais da metade do total de gastos com Saúde em um ano inteiro.

Não obstante a triste herança, o futuro nos espera alvissareiro. Os fatos que me alimentam essa esperança estão à vista. Com recursos próprios e com recursos de convênios com o governo estadual (possíveis depois de a cidade estar em dia com suas obrigações), Tubarão está sendo transformada para melhor.

O cidadão pode conferir a competência do gestor municipal ao andar pela cidade. Há, contudo, direitos e deveres. A cidade se desenvolve sobretudo com os recursos oriundos do IPTU (quase um terço do Orçamento). É obrigação nossa estar com os tributos em dia. Tubaronense, vai lá, faz a tua parte.