Voluntários querem salvar vidas

Voluntária Vivian Prá Philippi:  “Me encantei com a proposta”  - Kalil de Oliveira/Notisul
Voluntária Vivian Prá Philippi: “Me encantei com a proposta” - Kalil de Oliveira/Notisul

Tubarão

Ela não perdeu nenhum familiar por suicídio, mas conhece muita gente que, por sofrimento, optou por ele. Foi por saber que essas mortes poderiam ser evitadas que a empresária Vivian Prá Philippi, 30 anos, tomou a decisão de dedicar quatro horas semanais como voluntária no Centro de Valorização da Vida (CVV), que inaugura hoje, às 10 horas, em Braço do Norte, ao lado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

O trabalho, basicamente, é oferecer apoio emocional para pessoas anônimas, que ligam para o número 141. Após um treinamento com profissionais da saúde, Vivian sente-se preparada. “Quando recebi pelo WhatsApp um convite de uma amiga para participar de uma reunião para fundar um CVV em Braço do Norte, iniciei um período de investigação na internet do que seria,  como atuava, qual o objetivo, e, enfim, me encantei com a proposta, ainda mais sabendo das necessidades de nossa região”, destaca. 

É comum nos treinamentos, segundo Vivian, ouvir relatos de histórias de superação que aumentam a motivação em ajudar. O tema ‘suicídio’, para ela, deve deixar de ser proibido nas conversas familiares e, diante de um sintoma, a ajuda de um profissional especializado é recomendada.

A capacitação dos voluntários do CVV reúne pessoas de diferentes classes sociais e profissões. Todas tem a disposição em ajudar. Em Braço do Norte, uma equipe veio de Florianópolis para ministrar o curso, com duração de 30 horas, e aulas aos domingos. 

De acordo com Vivian, há outras formas de ser voluntário. Pode-se oferecer voluntariado pela internet, em um sistema de monitoramento das redes sociais, entre outros, com três horas semanais dedicadas, e ainda aqueles que não dispõem de tempo, mas participam com ideias ou patrocínio das necessidades do posto.

“O CVV não possui vínculo religioso, político ou qualquer tipo de preconceito e, com atendimento visado a dar apoio emocional sigiloso, poderá atingir um número grande de pessoas que muitas vezes não têm ou não conseguem se abrir com um familiar ou amigo”, argumenta. 

Sobre o CVV
O Centro de Valorização da Vida (CVV) foi  fundado em São Paulo, em 1962. É uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal em 1973, que presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar. Também desenvolve outras atividades relacionadas a apoio emocional com ações de estímulo ao autoconhecimento e melhor convivência em grupo e consigo mesmo em todo o Brasil. 
Em São José dos Campos (SP), a instituição mantém um hospital que atende pessoas com transtornos mentais e dependência química. Em setembro de 2015, o médico psiquiatra Rodrigo Siqueira, de Tubarão, apresentou a proposta do CVV para Braço do Norte, cuja busca por voluntários iniciou poucos meses depois. 
A primeira reunião ocorreu na Acivale, com a presença de voluntários de outros postos, que esclareceram a forma de atuação do CVV. Até o momento, 17 voluntários estão capacitados para o atendimento de apoio emocional sigiloso pelo número de telefone 141. 

Ações em BN
O CVV chega à Capital do Vale com atendimento das 19 às 23 horas e perspectiva de se tornar um serviço semelhante ao que existe nas grandes cidades. Apenas no Setembro Amarelo, que inicia hoje, mais de 5 mil fôlderes e mil cartões de visita foram confeccionados. Os organizadores produziram 450 camisetas para vestir os voluntários e simpatizantes para as mobilizações, entre elas o pelotão amarelo no desfile de 7 de Setembro.