Unesc ingressa em projeto de instituição de Londres para o desenvolvimento de ferramentas na área de saúde mental para o Brasil

Milena Nandi/Divulgação/Notisul
Milena Nandi/Divulgação/Notisul

O trabalho em saúde mental no país deve ganhar, no próximo ano, ferramentas importantes para auxiliar a gestão na área e no atendimento para a população jovem. Por meio de uma parceria entre instituições da Inglaterra e do Brasil, o projeto Mentalkit já está em desenvolvimento e nesta segunda-feira (4) teve a Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense), em Criciúma, incluída no rol de instituições colaboradoras. O projeto é uma iniciativa da London School of Economics and Political Sciences (Escola de Economia e Ciência Política de Londres), e conta também com a participação da Universidade Federal de Alagoas e da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. 

 

Professores e pesquisadores do Centro de Avaliação de Políticas de Cuidado da Escola de Economia e Ciência Política de Londres e das universidades parcerias participaram de uma imersão de três dias (2, 3 e 4 de novembro) na Unesc, para conhecer melhor o trabalho da Universidade nas áreas de saúde coletiva e mental. O grupo foi acompanhado por professores do PPGSCol (Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva) e nesta segunda-feira, realizou uma visita à Secretaria de Saúde de Criciúma e à Reitoria da Unesc, onde alinhavou parcerias. 

 

Segundo o pesquisador do Centro de Avaliação de Políticas de Cuidado da Escola de Economia e Ciência Política de Londres, Wagner Silva Ribeiro, a pesquisa tem o objetivo de melhorar o sistema público de saúde no Brasil na área de assistência à saúde mental de crianças e adolescentes. “O principal objetivo da pesquisa é desenvolver uma caixa de ferramentas para ajudar os profissionais e os gestores públicos a terem acesso a evidências científicas a respeito das melhores práticas de modo a ajudar na implementação de políticas públicas, prevenção e tratamentos para essa população”, comenta.

 

A pesquisa já está em andamento e a previsão é que a partir de 2020 as ferramentas, que devem ser um website e/ou um aplicativo, já estejam disponíveis de maneira pública. Os estudos estão divididos em três partes. A primeira é baseada análise de dados coletados no Brasil, como o acesso ao tratamento e políticas públicas e quer verificar os dados que envolvem demanda e serviços existentes. A segunda, uma análise situacional e a identificação de intervenções eficazes e adequadas para o contexto brasileiro e a terceira, a reunião das informações para a criação da caixa de ferramentas. 

 

Segundo a pesquisadora do Centro de Avaliação de Políticas de Cuidado, Sara Elizabeth Evans, a maior causa de incapacidade dos adolescentes é a saúde mental. “Sabemos que 80% de problemas de saúde mental estão sendo desenvolvidos antes de 18 anos e se podemos prevenir o desenvolvimento desse problema, poderemos ter pessoas mais saudáveis inclusive fisicamente”, comenta. Sobre a sua estada em Criciúma, a pesquisadora considerou agregadora para conhecer mais a realidade do município e em especial, o trabalho desenvolvido pela Universidade na área de saúde coletiva. 

Segundo a coordenadora do PPGSCol, Cristiane Tomasi, o Mentalkit irá socializar evidências científicas para “guiar” a conduta do profissional de saúde e também auxiliar na gestão de serviços, para entender os custos e investimentos em saúde mental. “O fim de semana foi de muito trabalho, apresentando o andamento do projeto nos seus diferentes aspectos e vislumbrando as possibilidades da Unesc colaborar. Essa caixa de ferramentas é voltada para a saúde mental dos jovens e por isso, precisamos de um levantamento nesta área. É a partir de um entendimento do que acontece com essa população que poderemos definir quais as intervenções que são importantes para a saúde mental, deles, quais os investimentos a serem feitos e se o que é feito está dando resultado”, explica Cristiane.

 

Segundo ela, o PPGSCol é um programa profissional e por isso, tem como necessidade a aproximação com o serviço de saúde e desenvolver pesquisas com aplicação na área. “O projeto é uma oportunidade grandiosa e um momento de aproximação da Universidade com outras instituições de ensino, serviços de saúde e escolas”, afirma.