Três vítimas decapitadas intrigam a polícia em Goiânia

 Três homicídios brutais intrigam a Polícia Civil de Goiás. Em 10 dias, três cabeças separadas dos corpos foram encontradas na região de Goiânia. Os investigadores tentam descobrir se os casos têm ligação e o que poderia motivar a ação de bandidos. A principal suspeita é de que se tratam de facções criminosas, comandadas, inclusive, de dentro de presídios. Apesar de afirmarem que a apuração está avançada, as autoridades de segurança pública não comentam o caso.

Ontem, a Guarda Civil Metropolitana de Goiânia encontrou o terceiro corpo sem cabeça em um terreno baldio no Conjunto Primavera, bairro de classe baixa de Goiânia. O corpo estava enterrado com braços e mãos para fora da terra. Os guardas chegaram ao local durante as buscas por uma pessoa que está desaparecida. Na última segunda-feira, um corpo decapitado estava em Hidrolândia, na Região Metropolitana da capital goiana.

A primeira cabeça foi encontrada em 13 de janeiro, em local próximo a um shopping, com a inscrição “TD2” na testa. Segundo a polícia, a sigla é utilizada pelo crime organizado significa “tudo dois”, uma expressão para “tudo em paz”. O Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia ainda não identificou a cabeça, apesar do reconhecimento visual de familiares.

A Defensoria Pública entrou ontem com ação judicial para pedir que a família enterre a cabeça e o corpo sem esperar a conclusão do IML. O reconhecimento veio por meio das impressões digitais, mas a identidade não foi divulgada. Familiares também estiveram no órgão e reconheceram a vítima pelas roupas. Os defensores públicos pedem “a liberação do corpo, bem como seu translado, sepultamento e posterior registro de óbito”. Não há informações do andamento do processo.

Durante um princípio de rebelião na cadeia de Jaraguá, distante 120km de Goiânia, presos gritaram a gíria que foi marcada na cabeça achada no começo do mês. Os presos gravaram um vídeo de dentro de uma ala do presídio, na noite da última terça-feira. Eles gesticulavam símbolos da facção Comando Vermelho e, com camisetas enroladas para esconder os rostos, repetiam “tudo dois”.

Mistério 

Além das decapitações, os casos têm em comum a não identificação das vítimas, que depende das conclusões de laudos do Instituto Médico Legal, segundo as autoridades. A Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) está encarregada de esclarecer os fatos. Os delegados Rogério Bicalho, Myriam Vidal e Rômulo Figueredo comandam as apurações.

Em nota, a Polícia Civil de Goiás disse que as investigações estão “em avançado estágio de desenvolvimento”, mas não deu maiores detalhes. “Até o momento, não é possível afirmar que haja, entre os casos, liames de qualquer natureza. Informações adicionais serão divulgadas, desde que não acarretem qualquer tipo de prejuízo aos trabalhos investigativos”, resume o texto. A Secretaria Estadual de Segurança Pública não comentou o caso.