‘Se não resolver hoje, ultrapassa o fim de semana’, diz líder nacional

Brasília (DF)

O descrédito do Governo Federal nas negociações com os caminhoneiros é tão grande, que o presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), José Fonseca Lopes, disse na manhã de hoje à Rádio BandNews FM que somente acordo verbal com o governo não será o suficiente para o fim da greve. “Queremos publicação no Diário Oficial, que hoje é eletrônico e facilmente se publica. E queremos o fim do PIS e COFINS (impostos federais) no óleo diesel. Se não resolver hoje, a mobilização deverá ultrapassar o fim de semana e sabemos o quanto isso será prejudicial à sociedade. Mas ela está do nosso lado”, ressaltou Fonseca, que é o principal representante dos caminhoneiros nas negociações.

Segundo ele, o início das tratativas foi em outubro de 2016, mas que não avançou mesmo com ameaças de paralisação. “Informamos o governo que tínhamos uma pauta: queremos o fim da PIS, COFINS, CIDE e também dessa mudança diária dos preços. O governo montou um grupo de trabalho. Pela minha experiência, quando o governo não quer resolver algo, monta um grupo de trabalho e deixa passar o tempo. É 30 dias pra cá, 30 dias pra lá”, explicou ao jornalista Ricardo Boechat.

Caso o acordo seja firmado hoje, o abastecimento deve retornar à normalidade somente em uma semana. “Mas ainda estamos longe de uma negociação plausível aos caminhoneiros. A redução que a Petrobras anunciou ontem muito pouco nos agrada. São só 15 dias e isso nem nos afeta, já que na bomba isso vai representar muito pouco. O fim dos impostos é que vai ter o impacto necessário”, completou.

No Senado, dúvidas sobre aprovação

Ontem à noite, a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que elimina a cobrança do PIS e do COFINS sobre o diesel até o fim de 2018. A aprovação causou revolta no Palácio do Planalto, que já articula com o Senado para que a medida seja derrubada ou volte ao texto original, que acabava somente com o imposto CIDE. O impacto nas contas públicas pode ser de até R$ 14 bilhões com o projeto aprovado e pode enquadrar o presidente Michel Temer na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Hoje, por ser quinta-feira, as sessões do Senado são mais vazias que o normal, o que pode fazer com que o projeto não seja votado. Se isso acontecer, somente na próxima semana ele entrará em debate.