‘Se fui a escolhida, é porque Deus sabia que eu poderia carregar essas adversidades’

Jailson Vieira

Tubarão

Rosangela Gomes de Carvalho Alves, a Danda Rô, de 38 anos, de Tubarão, é aquela mulher que já nasceu com um título: o de guerreira. Filha de uma vendedora de doces, desde a infância a tubaronense enfrentou grandes batalhas. “Tinha uma anormalidade na minha postura, algumas pessoas acreditavam ser coisa de criança e outras que eu possuía algum distúrbio. Com 14 anos, percebi que minha mão estava atrofiando e os problemas não pararam por aí”, conta Danda Rô.

Ela esclarece que com 23 anos, resolveu trancar o curso superior por falta de mobilidade nas mãos. Nesta época, já tinha passado por diversos ortopedistas e o diagnóstico da doença não tinha sido descoberto. Após anos em busca da descoberta do seu problema físico, ela soube que possuía uma doença chamada  ‘Distonia  Cervical Idiopática’, uma enfermidade do sistema nervoso que causa o movimento involuntário (espasmos) de algumas partes do corpo, provocando movimentos e posições não comuns.

Por dez anos, ela passou por tratamentos em Florianópolis. “Foi um longo período e, por seis anos tive que utilizar botox. Se aplicasse além da dose necessária, eu morreria. Passei por cirurgia, casei-me e tive a graça de ter uma filha. Depois disso, tive uma fase muito feliz na minha vida”, expõe.

Em agosto de 2016, descobriu que estava com câncer. Logo iniciou o tratamento e no ano passado ela retirou as duas mamas. “Ainda terei que passar por uma cirurgia e retirar o ovário. Quando pensei que tudo se acertaria tive herpes óssea. Mesmo com tantos problemas de saúde, sigo em frente e procuro viver. Há dois anos criei o Grupo de Voluntários Colaboradores do Bem. No início comecei fazendo enxovais para bebês e, aos poucos, a levar alimentos aos moradores de rua. Sou uma pessoa muito otimista, uso marca-passo na barriga por causa da distonia. Sou grata a Deus por tudo. Se fui a escolhida, é porque ele sabia que eu poderia carregar essas adversidades e, aos poucos, passar por elas”, afirma.

Mulheres serão homenageadas na Câmara

O Dia Internacional das Mulheres, nesta quinta-feira, será celebrado em Tubarão com uma solenidade especial na Câmara de Vereadores. Dezesseis personalidades femininas do município serão homenageadas com o Prêmio Mulher Destaque a partir das 19h.

Instituído em abril do ano passado, por meio da Resolução 6/2017, o prêmio promete reunir também outras mulheres que contribuem com o desenvolvimento e a inclusão social e lutam pela igualdade de gênero. Uma cerimônia especial foi preparada para marcar esta primeira edição da noite de reconhecimento.

“O dia 8 de março precisa ser comemorado, já que as mulheres vêm conquistando cada vez mais o seu espaço na sociedade. Ainda existe um longo caminho pela frente, há diversas barreiras a serem rompidas. Por isso mesmo, não podemos deixar de discutir e refletir sobre o assunto. E nada mais justo que prestarmos essa homenagem nesta quinta-feira”, declara o presidente da Câmara, Pepê Collaço (Progressistas).

De acordo com a radialista Vera Mendonça, a mulher tem ocupado espaços que antes eram só dos homens, em várias profissões. “Quando comecei no rádio, os homens eram maioria. Foi bastante batalhado para conquistar o meu espaço e mostrar minha capacidade. Esse prêmio valoriza as mulheres. Muitas outras poderiam estar no meu lugar, mas o importante é que a partir de agora todos os anos várias mulheres serão destacadas”, avalia a radialista, uma das homenageadas.

Homenageadas:

– Maria Francesa das Neves Colonetti;

– Terezinha Baschirotto;

– Jane Dal Bó Falchetti;

– Márcia Emerick de Maria;

– Maristela Tomaz;

– Vera Lúcia Mendonça Garcia;

– Elizabeth Valgas Gonçalves;

– Schirley da Rosa Mendonça;

– Rosimari Smaniott;

– Ana Cristina Orige Medeiros;

– Marilu Correa de Oliveira;

– Cleusa Rodrigues;

– Lourdes Maria Cascaes;

– Telma de Carvalho;

– Maria Alice Nunes dos Reis;

– Márcia Borges Benedet.

História do 8 de março

O dia 8 de março é o resultado de uma série de fatos, lutas e reivindicações das mulheres (principalmente nos Estados Unidos e Europa) por melhores condições de trabalho e direitos sociais e políticos, que tiveram início na segunda metade do século 19 e se estenderam até as primeiras décadas do século 20.

No dia 8 de março de 1857, trabalhadores de uma indústria têxtil de Nova Iorque fizerem greve por melhores condições de trabalho e igualdades de direitos trabalhistas para as mulheres. O movimento foi reprimido com violência pela polícia. Em março de 1908, trabalhadoras do comércio de agulhas de na cidade nova iorquina, fizeram uma manifestação para lembrar o movimento de 1857 e exigir o voto feminino e fim do trabalho infantil. Este movimento também foi reprimido pela polícia.

No dia 25 de março de 1909, cerca de 145 trabalhadores (maioria mulheres) morreram queimados num incêndio em uma fábrica de tecidos em Nova Iorque. As mortes ocorreram em função das precárias condições de segurança no local. Como reação, o fato trágico provocou várias mudanças nas leis trabalhistas e de segurança de trabalho, gerando melhores condições para os trabalhadores norte-americanos.

Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem ao movimento pelos direitos das mulheres e como forma de obter apoio internacional para luta em favor do direito de voto para as mulheres. Mas somente no ano de 1975, durante o Ano Internacional da Mulher, que a ONU (Organização das Nações Unidas) passou a celebrar a data.