Safra do milho: Estados do Sul se unem para discutir a produção

Tubarão

Preocupados com o equilíbrio entre a oferta e a demanda do milho e as oscilações de preço, os secretários da Agricultura de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul se uniram para discutir a produção do grão nos três Estados. Via videoconferência, uma das pautas foi a organização do Fórum Mais Milho, onde esses assuntos serão debatidos. O evento terá edições nos três Estados e em Santa Catarina será realizado em Chapecó, no próximo mês.

O Fórum será uma oportunidade para lideranças, produtores e representantes de agroindústrias, além dos outros elos envolvidos na cadeia produtiva do milho, discutirem os desafios e oportunidades para o setor produtivo de grãos e de proteína animal. Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná são importantes produtores de carnes e leite e, por isso, grandes consumidores de milho. Afinal, 75% da ração animal são formadas pelo grão. Só o setor produtivo de carnes em Santa Catarina consome seis milhões de toneladas de milho/ano, ou seja, o dobro do que o Estado produz.

O Paraná é o único dos três autossuficiente na produção de milho. Com uma safra esperada de mais de 18 milhões de toneladas este ano, o consumo das agroindústrias paranaenses gira em torno de 13 milhões de toneladas/ano. O excedente da produção abastece outros Estados e é destinado para exportação. “Esta será a melhor safra da nossa história. Os pequenos, médios e grandes produtores obtiveram grande produtividade, em uma média de 9,2 toneladas/ hectare”, destaca o secretário da Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara.


Santa Catarina é o maior  comprador do grão

Maior comprador de milho do país, Santa Catarina espera colher 3,2 milhões de toneladas do cereal nesta safra. Com 380,6 mil hectares plantados, a estimativa do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa/Epagri) é que a produtividade chegue a uma média de 141,6 sacas de milho por hectare.
O secretário da agricultura, Moacir Sopelsa, explica que será muito difícil o Estado conseguir atender a demanda das agroindústrias devido ao seu espaço territorial limitado. “Temos 1,12% do território brasileiro e somos o maior produtor nacional de suínos e o segundo maior produtor de aves. Nossa preocupação é aumentar a produtividade das nossas lavouras e equilibrar os preços de milho para que tanto produtores do grão quanto de suínos e aves tenham competitividade”, pretende.


Política de mercado é debatida

Para equilibrar os preços do milho, beneficiando produtores e agroindústrias, os três secretários acreditam que seja fundamental a implantação de uma política de mercado futuro para o grão. Ou seja, os produtores se comprometem a vender parte da produção a preço fixo para as cooperativas ou agroindústrias. Em Santa Catarina, uma iniciativa como esta já foi implantada com o Programa de Incentivo ao Plantio de Milho, que garantia R$ 34,00 por saca de milho. O secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, afirma que o poder público pode fomentar essa discussão e ajudar a estabelecer uma política de compra futura que atenda tanto os produtores quanto os setores consumidores. Segundo ele, o exemplo das safras 2015/16 e 2016/17 pode ser um estímulo para os produtores. Na última safra, o milho chegou a ser vendido por R$ 50,00 a saca e este ano o preço já gira em torno de R$ 23,00 a saca.