Quem ainda ama bloqueia? Manter ex nas redes é dilema após término

Na semana passada, os fãs de ‘A Fazenda’ foram surpreendidos pelo fim do relacionamento de João Zoli e Gabi Prado. Noivos desde abril, os pombinhos favoritos do reality da Record TV anunciaram que o término foi amigável e de comum acordo. Os fãs, no entanto, não engoliram a história, já que João e Gabi deixaram de se seguir nas redes sociais. 

Manter ou não o ex-parceiro nas redes sociais é um dilema bastante comum em tempos de relacionamento por aplicativos. Se deixar levar pela sofrência virtual é tão comum que o Facebook possui até uma ferramenta especial para os recém-separados: assim que a opção “desfazer relacionamento” é clicada, a rede social envia uma mensagem que permite filtrar suas atividades online com o mais novo ex-namorado. 

Assim como os fãs do ex-casal João e Gabi, há quem acredite que desfazer amizade é um sinal de que quem bloqueou não está satisfeito com o término. A atitude pode ser interpretada como “dor de cotovelo”, por isso muitos defendem manter o contato. “Na prática o que acontece é que ficam numa espécie de competição de quem dá mais indireta pra quem e quem supostamente deu a volta por cima antes.”, explica o psicólogo clínico Frederico Mattos, autor dos livros “Como se libertar do ex”, e “Relacionamento para leigos”. Para ele, se desfazer de qualquer contato nas redes pode ser necessário para curar as feridas emocionais deixadas pelo término.

“Quando alguém não se reabilitou tende a ser mais difícil mesmo digerir o fato de que o ex seguiu em frente ou simplesmente de ficar exposto à rotina do outro, ter gatilhos emocionais. Então é um cuidado consigo mesmo dar um tempo pra si até que as coisas possam se encaixar novamente.”

Foi o caso da publicitária Milena Alves que, após terminar um relacionamento de dez anos, decidiu bloquear o ex. 

“Foi saudável pra mim e pra ele também. A vida continua e eu não queria criar possíveis motivos para nos magoarmos. É uma boa maneira de se ajudar a seguir em frente”.

O distanciamento funcionou para preservar o que restava da relação. Apesar de se distanciarem nas redes sociais, a amizade entre Milena e o ex-marido conseguiu se manter fora do mundo virtual. Segundo ela, os dois continuam conversando, especialmente para tratar de assuntos relacionados aos animais de estimação.

“Continuamos bloqueados, menos no WhatsApp, que é onde mantemos nosso principal contato. A gente se vê e conversa sempre, por conta dos gatos e também porque tivemos uma relação longa. Nos respeitamos e somos amigos.”

O estudante de Direito Ricardo M* passou por uma situração completamente diferente. Bloquear o ex-namorado foi uma medida drástica que tomou para evitar o assédio que vinha sofrendo.  

“Ele começou a me difamar. Simplesmente comentou em todas as minhas fotos palavras que me ridicularizavam, me ofendiam e aquilo acabou se tornando um cyberbullying. Sempre quis manter uma amizade com ele, mas vejo que não é e não foi possível na relação que eu tinha. Hoje, eu não desbloquearia o meu ex das minhas redes sociais.”

Após o fim da relação, os perfis online se tornam o acesso mais rápido que o inconformado terá à quem terminou. Daí a possibilidade de assédio. Em casos mais graves, existem formas do atacado se proteger através de medidas legais.

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Há, no entanto, desfechos menos dramáticos para quem simplesmente resolveu manter o contato virtual. Foi o caso da jornalista Tiara Vaz.

“Não havia sentido parar de falar com alguém que foi elementar na minha vida simplesmente porque o status do nosso vínculo mudou. Deixamos tudo como estava: conta conjunta no Spotify, na Netflix, falamos por WhatsApp e Instagram. Seguimos amigos, embora atualmente tenhamos menos contato”

Bloquear, deixar de seguir, ou simplesmente manter o contato é uma decisão que depende de como cada um escolhe superar o término, embora nenhuma das medidas possa prevenir totalmente a famosa “stalkeada” eventual. Contra a urgência de saber da rotina do outro, o psicólogo Frederico Mattos garante que o segredo é focar na própria vida. 

“A dica é explorar aspectos da própria vida e personalidade que poderiam estar negligenciados ou em suspenso na relação. Procurar o apoio da rede de pessoas queridas para recompor e rechear de bons momentos essa nova fase da vida.”