Quase 700 mortes foram resgistradas nas rodovias de SC neste ano

Treze mortes foram registradas nas rodovias catarinenses no fim de semana. Nos cinco primeiros meses deste ano, mais de 6.000 pessoas ficaram inválidas em Santa Catarina em decorrência de acidentes de trânsito. Entre a série de fatores que explicam esses números estão a falta de conscientização e a imprudência dos motoristas. Com foco na educação, o governo do Estado lança nesta terça-feira (19) a campanha “Mais segurança no trânsito”, com objetivo de chamar a atenção para os altos índices de acidentes com motociclistas.

De acordo com dados da Seguradora Líder Dpvat (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres), divulgados nesta segunda-feira (18), dos 90 mil acidentes que envolveram motoristas no país nos cinco primeiros meses deste ano, 87% envolveram motociclistas.

“Além da própria tragédia para os familiares, esses acidentes de trânsito custam cerca de 3% do PIB no país. Temos uma preocupação muito grande de diminuir esses acidentes e começamos com campanhas de conscientização”, afirma o secretário de Estado de Segurança Pública, Alceu de Oliveira Pinto Júnior.

Até maio deste ano, Santa Catarina ocupava a quarta posição entre os Estados com o maior número de acidentes que resultaram em invalidez permanente. Foram 6.392 casos até o fim de maio. No número de mortes, o Estado ocupa a 12ª posição, com 686 registros nestes primeiros cincos meses. Em âmbito nacional, o perfil das vítimas e dos acidentes não é novidade: 75% eram homens, 26% tinham entre 25 e 34 anos, 61% eram motoristas e 23% dos acidentes ocorreram no anoitecer, entre 17h e 19h59. 

Falta de atenção, estradas ruins e imprudência

Para o presidente do Cetran (Conselho Estadual de Trânsito de Santa Catarina), Luiz Antônio de Souza, os dados de Santa Catarina refletem a realidade nacional, que apresenta números assustadores. “São números altos, mas dentro da realidade do país, mas ao longo dos anos vemos que os índices têm diminuído”, diz.

Em 2007, um ano antes da instituição da Lei Seca, a taxa de mortalidade no Estado era 34,1 óbitos por 100 mil habitantes. Dez anos depois (2017), o índice foi de 25,6 óbitos por 100 mil habitantes. Para Souza, a lei é importante, mas nos últimos anos ocorreram mudanças feitas de forma política e circunstanciais. “Pela nossa experiência, o fato de existir a lei, para a cultura do brasileiro, não interfere muito. Só funciona com fiscalização, quando as pessoas sabem que estão sendo fiscalizadas”, afirma. O presidente do Cetran aponta fatores para o alto número de mortes no Estado e no país, desde as más condições da malha viária até a falta de conscientização de condutores.

De acordo com Carlos André Poluceno Possamai, do núcleo de comunicação da PRF (Polícia Rodoviária Federal), a falta de atenção no trânsito é a principal causa de acidentes, mas é essencial a melhoria da malha viária. Santa Catarina tem pontos críticos onde ocorrem os principais acidentes, como na BR-101 na Grande Florianópolis e em trechos urbanos da BR-470 (Gaspar, Indaial e Rio do Sul). “O condutor tem uma parcela importante nesses acidentes, mas é preciso triplicar os cuidados nesses trechos. As falhas das vias geram um risco bem maior de acidentes”, salienta. 

Média de 477 acidentes com motos por mês

Para o secretário Alceu de Oliveira Pinto Júnior, as rodovias não são o principal problema quando se fala em mortes e acidentes de trânsito. Ele reconhece que o Estado tem problemas nas estradas, mas diz que Santa Catarina tem melhor infraestrutura das vias se comparado a outros Estados. “Precisamos é que as pessoas que usam essas estradas tenham consciência de suas responsabilidades”, diz.

De acordo com o governo, no ano passado os cinco principais hospitais de Santa Catarina atenderam mais de 5.700 acidentes envolvendo motocicletas, média de 477 por mês. Segundo dados do Ministério da Saúde, 52% dos gastos do SUS com internações decorrentes de acidentes de trânsito são com motociclistas. A campanha “Mais segurança no trânsito” foca justamente nos condutores de motos. “Um trânsito seguro e respeitoso é responsabilidade de todos, seja dos condutores de caminhões, ônibus e veículos, seja dos motociclistas”, afirma o secretário.