Quadrilha usava o Brasil como base para lesar estrangeiros

São Paulo (SP)

Uma quadrilha de estelionatários presa ontem pela Polícia Federal (PF) no Brasil e nos Estados Unidos usava o país como base para lesar investidores no exterior. Segundo a instituição, foram presas 17 pessoas – 15 no estado de São Paulo e duas na cidade de Miami (EUA).

Pela operação, batizada de Pirita, estão previstos 27 mandados de prisão temporária, três de prisão preventiva e 35 mandados de busca e apreensão, a serem cumpridos em São Paulo, Rio Grande do Sul e EUA.

Os estelionatários acreditavam que ficariam impunes por não saber do trabalho de cooperação entre a PF e o FBI. A polícia chegou até a quadrilha após uma investigação que durou pouco mais de um ano, no Brasil, e já se estendia por três anos nos EUA. Há indícios de que a quadrilha tenha montado base também na Argentina.

Segundo a coordenadora da investigação, Karina Souza, o perfil dos investidores era de estrangeiros que não conheciam o mercado americano de ações. Os papéis vendidos pelo grupo eram de empresas que operavam nos EUA. “Trata-se de um golpe de estelionato clássico. Eram usados operadores de telemarketing brasileiros com conhecimento de inglês que ligavam para as vítimas oferecendo um alto valor por ações de baixa liquidez”.

Os clientes da quadrilha eram pessoas físicas e jurídicas. Feito isso, o grupo cobrava uma comissão pela transação dos papéis e um adiantamento. Após depositados esses valores, os fraudadores desapareciam. O dinheiro era depositado nos EUA e chegava ao Brasil com a ajuda de doleiros.
Um dos líderes da organização, Doron Mukamal, um israelense com passaporte do Canadá, está preso.

Entre os detidos no Brasil estão ainda um canadense, um inglês e um neozelandês. O restante dos presos no país é composto por brasileiros. Os dois suspeitos localizados nos EUA também são brasileiros.
Segundo a PF, o dinheiro depositado pelos clientes era lavado no país com investimentos no mercado imobiliário. “Eles compravam imóveis e faziam construções para dar legimitidade aos recursos”, explicou Menin.