Prédios estão interditados e aulas suspensas

Destelhamento de galpões foi a situação mais recorrente em Tubarão -  Foto:Kalil de Oliveira/Notisul
Destelhamento de galpões foi a situação mais recorrente em Tubarão - Foto:Kalil de Oliveira/Notisul

Tubarão

Deve demorar mais algumas semanas o trabalho de reconstrução pós-tempestade. A maioria dos prédios públicos em Tubarão fica sem condições de atendimento ao público e a volta do atendimento depende de adaptações e reconstruções.

Um dos locais mais danificados, o Ciretran, no bairro Revoredo, ficou completamente ao chão. De acordo com o delegado regional André Bermudez, a delegacia central de polícia também foi atingida. “O teto foi muito danificado, com bastante infiltração. Tivemos que trocar telhas. Todas as delegacias ficaram sem internet e luz”, relatou.

As estruturas dos bombeiros e da Polícia Militar sofreram avarias e foram visitadas pelo governador Raimundo Colombo na segunda-feira. Os ventos destelharam os quarteis e a chuva sobre equipamentos comprometeram o serviço 190. Da mesma forma, os bombeiros precisaram atuar improvisados na garagem, abaixo de goteiras. As instituições já organizam documentos ao governo do estado para o reparo das estruturas, incluindo ainda a sede dos bombeiros em Capivari de Baixo.

Quanto às escolas, a Sagrado Coração de Jesus, no Km 60, em Tubarão, está com problemas graves de infraestrutura e é uma das mais afetadas. A ideia da direção da escola é isolar a quadra de esportes e reiniciar as aulas sem o refeitório para não comprometer o ano letivo. 

Durante esta semana, as aulas foram interrompidas em todas as escolas da rede pública em Capivari de Baixo, Gravatal e Pedras Grandes. Em Treze de Maio e em Jaguaruna as aulas devem seguir normalmente e em Tubarão, apenas a Bertoldo Zimermann, bairro Mato Alto, e a José Botega, bairro São Cristóvão, não terão interrupção, segundo a Gerência de Educação (Gered). Mais de 12 mil alunos foram afetados.

Boatos desmentidos
Durante reunião da Sala de Situação montada pela Defesa Civil estadual, o secretário Rodrigo Moratelli mostrou indignação com boatos de que um tornado chegaria a Tubarão nos dias seguintes. O órgão atua junto da Epagri no monitoramento das condições climáticas. "É normal que depois de uma situação assim, no dia seguinte as pessoas fiquem apreensivas se voltar a ventar, mas o que se observa no mundo, em outros locais atingidos por fenômenos parecidos, é que ele nunca se repetiu em sequência, então todos podem ficar tranquilizados”, amenizou. 

Sobre o que de fato ocorreu em Tubarão, entretanto, ainda não há clareza. Por volta das 16 horas de domingo, no balneário Rincão, em virtude do forte calor, houve o deslocamento do ar frio sobre o mar, que resultou na formação de ventos fortes, o chamado tsunami meteorológico, porém difícil de prever. 

Segundo Moratelli, está descartada a hipótese de um tornado, como o que ocorreu em Xanxerê, no meio oeste, em 2015, com ventos de até 330 km/h e que deixaram estragos mais localizados. O fenômeno em Tubarão atingiu especialmente telhados e locais mais altos. Os ventos mais altos pouparam parte das residências e prejudicaram mais galpões de empresas.

Impacto ambiental será significativo
Em pleno andamento da reconstrução de Tubarão, órgãos ambientais já monitoravam os possíveis impactos resultantes do vendaval de domingo. A secretaria de infraestrutura priorizou a destinação e entulhos recolhidos das vias públicas com dois terrenos para destinação dos materiais. No caso das empresas ou residências que precisarem destinar seus entulhos, o município ainda não possui um local definido.

O sistema de abastecimento de água em Tubarão também é monitorado, segundo um representante da empresa Tubarão Saneamento, por precaução. A observação é para o aspecto da água do rio, que recebeu parte dos destroços.  O Exército do Brasil também auxiliou no recolhimento de árvores nas margens do rio, para evitar danos maiores.

Nos últimos anos, mais de 100 árvores foram repostas em um projeto de arborização do rio Tubarão, cujo trabalho deve ser reiniciado após avaliação. Várias espécies centenárias e com mais de 20 metros de altura foram arrancadas com a força do vento. Dependendo da espécie, para atingir esta altura, pode ser preciso esperar entre cinco e oito anos. Ainda não se sabe o quanto a tempestade pode ter representado em termos de assoreamento do rio e se há riscos desmoronamento das margens.

Possíveis desempregos preocupam
Participando da última reunião de avaliação dos estragos como observador, o prefeito eleito de Tubarão, Joares Ponticelli (PP), disse que adiou a viajar a Brasília para oferecer seu apoio à população. O político pegou voo para a capital federal apenas na segunda-feira à noite. 

Além da reconstrução das residências, Joares demonstrou preocupação com os reflexos econômicos dos fortes ventos. “Vimos que os galpões foram destelhados e é preciso ter pressa para que as pessoas já tão afetadas em suas casas não percam também o seus empregos com o fechamento de empresas”, argumentou.

De acordo com o secretário da Defesa Civil, Rodrigo Moratelli, o próprio governador Raimundo Colombo voltou a Florianópolis na segunda-feira para ter melhores condições de conversar com seu secretariado e com o governo federal e agilizar uma linha de crédito especial para as empresas atingidas.

O decreto de emergência assinado pelo prefeito Olavio Falchetti (PT) e por Moratelli deve ser homologado pelos governos estadual e federal. O prazo legal para a conclusão do relatório de danos, segundo Moratelli, é de dez dias, mas deve ser entregue antes, muito provavelmente ainda esta semana.

Em relação aos empresários, a principal esperança de parte das indústrias, comércio e prestadores de serviços, está na possibilidade de abertura deste crédito especial anunciado pelo próprio governador.

É unânime entre as autoridades que visitaram os locais mais afetados pela forte tempestade do último domingo que serão bastante grandes os prejuízos diretos em Tubarão e região. A Associação Empresarial de Tubarão (Acit) já iniciou uma orientação aos empresários sobre os procedimentos legais tanto em caso de acionamento do seguro quanto para organização de documentos para obter crédito público.

Em uma das instituições mais afetadas, a Unisul, com cerca de 10 mil alunos sem aulas, os prejuízos estimados estarão próximos de R$ 3 milhões, segundo o vice-reitor Mauri Luiz Heerdt, especialmente na restauração no telhado do prédio histórico, biblioteca e Espaço Integrado de Artes da Unisul (Bolha). 

Algumas indústrias às margens da BR-101 iniciaram ainda no domingo e madrugada de segunda-feira um esforço para minimizar os danos sobre equipamentos. Em apenas uma fábrica do bairro São Cristóvão, 600 funcionários foram dispensados. No trevo de acesso norte de Tubarão, para evitar saques, uma empresa fez a retirada dos produtos em uma carreta. Um representante não soube informar quando inicia o trabalho de reconstrução do galpão. 

A expectativa para o valor previsto para reconstrução da cidade é que seja superior a R$ 50 milhões, que é próximo ao valor anunciado no ano passado a respeito do incidente com ventos, em Xanxerê, no meio oeste.