Pesquisa experimental: Primeira colheita de maçã é animadora

Amanda Menger
Braço do Norte

O Vale do Braço do Norte é conhecido pela produção de suínos e de gado leiteiro. E, em breve, poderá também se tornar conhecido pelo cultivo de frutas. Há dois anos, a Unidade de Ciências Agrárias da Unisul, em Braço do Norte, desenvolve pesquisas com quatro cultivares de maçãs. A primeira colheita ocorreu há poucos dias e os resultados são considerados animadores.

“Temos indícios de que dois cultivares podem ser adequados para a região, que tem um clima mais quente do que a serra, produtora tradicional de maçãs. Estamos ainda em testes, e ainda precisamos de mais uns dois a três anos para que possamos dar a recomendação de que é um bom negócio plantar maçãs no Vale”, revela o engenheiro agrônomo Celso Albuquerque, professor do curso de agronomia e mestre em fruticultura.

As macieiras foram plantadas há mais de dois anos e é a primeira colheita. São quatro cultivares: Condessa, Eva, Castel Gala e Princesa. As que apresentam melhores resultados são Eva e Princesa. “Desde que plantamos estas variedades, acompanhamos o crescimento delas, como a ramificação, grossura do caule, período de floração, quantas flores se tornaram frutos e ainda a qualidade desses frutos”, revela Celso.

Se a avaliação for positiva também nos próximos anos, haverá a recomendação para o plantio da fruta. “Como o clima é mais quente, a colheita é feita em dezembro; já na serra, é em fevereiro. Com isso, poderemos oferecer ao mercado maçãs frescas em um período que só há fruta que está estocada em câmaras frias há mais de nove meses. Com isso, ganha o consumidor e o produtor, que poderá vender o produto a um preço melhor”, explica o professor. No Paraná, há um trabalho semelhante. Lá, os produtores chegam a vender o quilo da maçã a R$ 1,50 com a colheita em dezembro. Já as regiões produtoras tradicionais, não conseguem passar de R$ 0,60 o quilo em fevereiro.

A próxima fase é a avaliação das doenças e dos insetos. “Temos que comparar com as pragas que infestam as macieiras na serra. Neste ano, tivemos poucos problemas. Precisamos ver como serão os próximos anos até que possamos recomendar a produção”, diz Celso.

Outras frutas
Outro projeto de pesquisa envolve a produção de uvas. Mais de duas mil mudas de 20 espécies diferentes de uvas européias foram plantadas na Unidade de Ciências Agrárias da Unisul, em Braço do Norte. A intenção é pesquisar quais cultivares de uvas são mais adequadas para a produção de espumantes.

“Recebemos algumas críticas quando fechamos alguns cursos na unidade em Braço do Norte, mas acreditamos que as características da região precisam ser respeitadas. Estas pesquisas com frutas e outros projetos mostram que é possível gerar desenvolvimento sustentável observando estas características regionais e isso é o papel da universidade”, avalia o diretor dos campi da Unisul em Tubarão e Araranguá, Valter Alves Schmitz Neto.