Pesca: Fechamento de lagoa é estudado

Zahyra Mattar
Laguna

Os pescadores integrados ao Sindicato da Pesca (Sindipesca) estudam uma maneira de minimizar os efeitos da poluição na Lagoa de Santo Antônio dos Anjos, um dos principais locais de onde os profissionais artesanais tiram o sustento de suas famílias.

Um estudo para fechar a lagoa por seis meses é feito. O objetivo é dar um tempo para que as espécies possam reproduzir-se. Hoje, a escassez de camarão, principalmente, tem deixado muitos pescadores de estado de miséria.
“A maioria dos profissionais de Laguna, Jaguaruna e Imaruí está de acordo com a ideia. Mas ainda alinhavamos esta possibilidade. Hoje, a lagoa está agonizante”, lamenta o presidente do Sindipesca, Gilberto Fernandes.

A barra do Camacho, em Jaguaruna, é outro problema. Não existe um plano de manutenção constante e, apesar do local ter sido aberto, a não conclusão dos molhes faz com que, em poucos anos, todo o trabalho seja perdido.
“Pleiteamos, com a máxima urgência, a dragagem da lagoa. Em alguns locais, como em Campos Verdes, quem não conhece fica preso nos bancos de areia. Em algumas partes, é possível atravessar a lagoa a pé”, alerta Gilberto.

Possibilidade
Existe a possibilidade dos pescadores artesanais de Laguna atuarem na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. O prefeito Célio Antônio (PT) e o presidente da Colônia de Pescadores Z-14, Antônio de Souza, viajaram para Rio Grande a fim de obter a licença, junto ao Ibama, para a captura de camarão. Atualmente, apenas pescadores do estado do Rio Grande do Sul estão liberados para atuar na lagoa dos Patos.

Embarcações ilegais

Um dos maiores problemas para os pescadores do Complexo Lagunar é a entrada de embarcações ilegais nos limites definidos para a pesca artesanal. Os barcos possuem grande capacidade de armazenamento e levam a cota destinada ao pequeno pescador. Um exemplo disso ocorreu há 20 dias. Detalhes do caso são mantidos em sigilo porque uma investigação é feita para descobrir onde o pescado foi descarregado.

“Sabemos que é um barco do Rio Grande do Sul sem autorização para atuar no litoral catarinense. Calculamos que eles tenham levado mais de 100 toneladas de pescado. O que não puderam carregar foi eliminado no mar mesmo. Mas era muito peixe. Isto representa um prejuízo enorme para o pequeno pescador, que já saiu de uma safra ruim do camarão, no verão, e da tainha, neste inverno”, esbraveja o presidente do Sindicato da Pesca (Sindipesca) de Laguna, Gilberto Fernandes.

Ele reitera, contudo, que as embarcações flagradas este ano, no litoral sul catarinense, são de outros estados. “Em Santa Catarina, as grandes empresas entenderam as regras e respeitam os limites e as cotas”, elogia Gilberto.

Boa safra. Bons preços

A péssima safra da tainha deverá ser compensada agora, quando a anchova é a “vedete” das redes dos pescadores artesanais da região. A espécie é a principal capturada no litoral sul catarinense até o fim de novembro e, se as redes continuarem pesadas, os profissionais, enfim, terão o que comemorar.

A safra da tainha ficou pelo menos 50% abaixo do previsto. O clima atrapalhou. “Estamos esperançosos. Também porque, com bastante oferta, garantimos bons preços ao consumidor”, valoriza o presidente do Sindicato da Pesca (Sindipesca) de Laguna, Gilberto Fernandes.

Com o aumento de até 20% no preço da carne bovina, a estabilidade do pescado é comemorada pelos consumidores. “O peixe faz parte da minha dieta há quase 15 anos. Com a redução do preço, vou encher ainda mais o meu freezer”, antecipa o jornalista Fabiano Bordignon. Hoje, na região de Tubarão e Laguna, o valor médio do peixe é de R$ 6,60 o quilo (filé de pescada).