Patrimônio histórico: Meios de evitar que museu perca locomotiva a vapor são estudados

Tubarão

Tubarão começou a semana em clima de união para evitar que o Museu Ferroviário perca uma de suas mais belas locomotivas a vapor para uma cidade do Rio de Janeiro, após uma decisão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Para tentar salvar uma das peças do patrimônio ferroviário e histórico da cidade, a prefeitura costurou a mobilização de uma frente formada por órgãos e entidades como Câmara de Vereadores, Ministério Público e Fundação Catarinense de Cultura (FCC), além da comunidade em geral.

Para o prefeito Joares Ponticelli, a postura do prefeito da cidade fluminense de Miguel Pereira, que veio à Cidade Azul observar a The Baldwin Locomotive Works 53 e a solicitou ao Dnit sem qualquer consulta, foi, no mínimo, deselegante.“Não iremos entregar essa locomotiva tão facilmente. Ela serviu de trem de passageiros em uma época muito especial para Tubarão e é parte muito importante da história da cidade”, assegurou Ponticelli.

Fabricada em 1920 na Filadélfia, nos Estados Unidos, a locomotiva passou por uma restauração externa recentemente para fins de exposição, mas não pode ser utilizada em movimentação simplesmente porque a caldeira e todo sistema mecânico interno não foram recuperados. Na prática, seria como um carro sem motor.

“Esse é um furto legalizado, além de um ato inconsequente caso a locomotiva seja utilizada de maneira errada. A caldeira em mau funcionamento simplesmente explode e causaria uma tragédia”, alerta o médico José Warmuth Teixeira, um dos criadores do museu ferroviário onde está a locomotiva e autor de diversos livros sobre a história da ferrovia no Sul do Estado.

A prefeitura não pode interferir diretamente nesse caso, já que o Museu Ferroviário é um órgão independente, mas assim que tomou conhecimento desse episódio enviou à Câmara de Vereadores um projeto de Lei que trata da preservação do patrimônio histórico, cultural e natural do município. O Ministério Público Estadual e Federal, que ajuizaram ação cautelar para evitar a mudança de endereço da locomotiva, também se mobilizaram e a Fundação Catarinense de Cultura (FCC) analisa meios de promover o tombamento do acervo do museu, o que fortaleceria a mobilização em defesa da The Baldwin Locomotive Works 53.
 

Mobilização nas redes sociais e reunião
 
Nas redes sociais o assunto ganhou destaque durante todo o final de semana. Assim, um encontro com lideranças, representantes de órgãos públicos, entidades, empresas e comunidade ocorreu nesta segunda-feira (3), no Centro Municipal de Cultura, para discutir a transferência da locomotiva. No encontro em que estiveram representantes da imprensa, Unisul, Salv, Fundação Sabor Natureza, Senac, CDL, Acit, Contur, Câmara de Vereadores, Prefeitura, Agências de Viagens, Rotary, Maçonaria, Sesc e outras lideranças, o caso foi conhecido e discutido.

Representantes das áreas de cultura e turismo da prefeitura de Tubarão discorreram sobre a participação e ações já desenvolvidas pelo governo. Os vereadores falaram sobre a discussão do projeto de Lei do Executivo, que versa sobre o tema. José Warmuth Teixeira, idealizador e atual vice-presidente do Museu Ferroviário, esclareceu os acontecimentos sobre a transferência da locomotiva para a cidade de Miguel Pereira.

 Após, os participantes analisaram e sugerirem medidas, dentre as quais restaram aprovadas a criação de uma campanha, já nominada “Esse Trem é Nosso”, por meio da qual serão desenvolvidas ações que visam conscientizar a cidade e região sobre a importância do Museu Ferroviário e, especificamente, impedir que a Locomotiva 53 saia de Tubarão. Ações de divulgação na internet e na imprensa e a realização de eventos no Museu, são algumas iniciativas imediatas.