Papa fala a diplomatas sobre o temor de um conflito maior entre EUA e Irã

O Papa Francisco teme um conflito em maior escala entre o Irã e os Estados Unidos e pediu diálogo entre as duas partes, além de um compromisso maior da comunidade internacional com a paz no Oriente Médio nesta quinta-feira (8/1), em seu tradicional discurso de início de ano ante o corpo diplomático no Vaticano.  

“Os sinais que chegam de toda a região são preocupantes, após o aumento da tensão entre o Irã e os Estados Unidos”, disse o papa em uma longa análise sobre o que chamou de as “feridas do mundo”. 

“Renovo o meu apelo a todas as partes interessadas para evitar o aumento do confronto e manter ‘a chama do diálogo e do autocontrole’, em pleno respeito ao direito internacional”, reiterou. 

Diante dos mais de cem embaixadores e representantes diplomáticos credenciados no Vaticano, o pontífice novamente pediu “um compromisso mais frequente e eficaz da comunidade internacional pela paz”. 

“Agora é mais urgente do que nunca também em outras partes da região do Mediterrâneo e do Oriente Médio”, acrescentou. 

“Estou me referindo em primeiro lugar ao manto de silêncio que tenta cobrir a guerra que destruiu a Síria durante esta década”, destacou.

“É particularmente urgente encontrar soluções adequadas e abrangentes que permitam ao amado povo sírio, exausto pela guerra, encontrar a paz novamente e iniciar a reconstrução do país”, acrescentou.

O líder da Igreja Católica aproveitou a oportunidade para agradecer à Jordânia e ao Líbano “por terem recebido e assumido, com sacrifícios, milhares de refugiados sírios”, disse ainda.

“Infelizmente, além do cansaço causado pela recepção, outros fatores de incerteza econômica e política, tanto no Líbano quanto em outros Estados, estão causando tensões entre a população, comprometendo ainda mais a frágil estabilidade do Oriente Médio”, lamentou. 

Referindo-se precisamente à situação de refugiados e emigrantes, particularmente os que fogem para a Europa, o papa incentivou às autoridades do antigo continente a “não perder o senso de solidariedade que os caracteriza há séculos, mesmo em momentos mais difícil da história “, enfatizou. 

“O incêndio da catedral de Notre Dame em Paris mostrou que é frágil e fácil destruir o que parece mais sólido”, observou.

“Os danos sofridos por um edifício, não apenas procurado pelos católicos, mas significativo para toda a França e toda a humanidade, despertaram a questão dos valores históricos e culturais da Europa e as raízes sobre as quais se baseia”, concluiu.