Ordem é manter a cautela

Foto:Divulgação/Notisul
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Kalil de Oliveira
Tubarão

Em todo o país, o crescimento na concessão de benefícios de aposentadoria cresceu em média 25% no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Uma explicação para esse incremento, segundo especialistas, é a incerteza do que virá da reforma da previdência, que sequer entrou em pauta no Congresso Nacional.

O presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas em Tubarão, Antônio João Rodrigues, 76 anos, diz que a entidade tem orientado seus membros a manterem a cautela e procurarem um especialista antes de qualquer atitude. 

A entidade une-se a outras no país que estarão em Brasília em um movimento nacional que pretende evitar mais prejuízos e, principalmente, para que haja mais transparência e debate na possível reforma. O governo federal diz que houve um déficit na Previdência Social na ordem de R$ 86 bilhões no ano passado e este ano pode chegar a R$ 200 bilhões, o que, segundo o presidente Michel Temer, pode criar problemas para pagamento de aposentadorias no futuro.

"Está praticamente certo que será no dia 26 de outubro. Estivemos sexta-feira em uma reunião que tratou do assunto com as 17 associações do Sul de Santa Catarina. Já faz pelo menos dois anos que estamos nesse movimento. O que acontece é que o INSS enfraqueceu porque houve o desemprego e diminuiu a contribuição", argumenta.

Segundo Antônio, os aposentados elaboram um documento e as faixas. A operação é bastante difícil devido às distâncias. A viagem deve ser de ônibus, o que pode durar até três dias. Além dos associados, é prevista a participação de sindicalistas, entre outros.

Apesar da cautela recomendada, Antônio reconhece que não vale muito a pena contribuir com um valor muito alto para se aposentar. "No fim das contas, o governo quer que todos fiquem com um salário mínimo", reclama. Ele mesmo, que contribuiu para quatro salários atualmente, recebe um salário e meio de aposentadoria.

Entenda
O governo quer estabelecer idade mínima de 65 anos com tempo mínimo de contribuição de 25 anos para as novas aposentadorias no Brasil. O texto, que será uma Emenda Constitucional, ainda não chegou ao congresso porque não foi definida qual seria a nova fórmula para o cálculo. Para diminuir os impactos, uma ideia é criar uma faixa de transição, ou seja, o trabalhador teria que pagar um "pedágio" de 50% a ser calculado sobre o tempo que ele ainda precisaria trabalhar e, assim, se aposentar de acordo com as regras atuais. Quem precisasse trabalhar mais um ano, na verdade trabalharia mais um ano e meio. 

No Brasil, 34% dos aposentados já voltaram a trabalhar por considerar o valor da aposentadoria insuficiente. Em 95% dos casos, o aposentado auxilia financeiramente seus familiares e uma parcela de apenas 8% complementa seus rendimentos com a previdência privada. Segundo a associação da categoria, há 16 mil aposentados e pensionistas em Tubarão, dos quais apenas 765 são associados. Outras informações pelo telefone (48) 3626-2995.