Obesos fazem parte do grupo de risco do coronavírus

Tubarão

Os grupos de risco do novo coronavírus indicam as pessoas que possuem mais chances de desenvolverem um quadro grave da doença. Além dos doentes crônicos e idosos, nesta lista também foram incluídos recentemente as pessoas com obesidade. No Brasil, 54% da população está acima do peso e, desse valor, a obesidade atinge 18,9%.

A endocrinologista da Pró-vida, Camila Campos, explica que a relação entre obesidade e alteração do sistema imune é bem estabelecida. “O tecido adiposo secreto, possui uma série de substâncias que conhecemos como ‘citocinas’. Elas interagem com o sistema imune, a interação deve ter um equilíbrio (homeostase). A obesidade viola e estraga esse equilíbrio levando a uma desregulação do sistema imune, o que prejudica a sua função”, assegura.

Camila ainda pontua, que a partir do momento que há transmissão comunitária do vírus todas as pessoas estão expostas ao risco de contágio. Ela destaca que as pessoas da área da saúde têm maior risco de contágio devido a exposição ocupacional. Por outro lado, o que difere de um indivíduo para outro é a capacidade de se defender desse vírus. Aqueles com sistema imune melhor teriam menor risco de desenvolver quadros graves da infecção.

“A obesidade é fator de risco para outras comorbidades, que também afetam o sistema imune, como diabetes, por exemplo. Cerca de 70% dos pacientes internados por Covid-19 nas UTIs do Reino Unido estão acima do peso. Mas não só Covid-19, estamos na época de H1N1, dados de trabalhos mostram que pacientes com obesidade tiveram 2,5 vezes maior chance de desenvolver um quadro gripal por H1N1 durante a epidemia em 2009”, expõe.

De acordo com a profissional, a atividade física tem efeito anti-inflamatório e regulador do sistema imune. Aqueles que praticam atividade física regular têm um sistema imune mais apto a combater infecções. “O funcionamento do organismo depende de um sistema complexo de sinalização, ativar o sistema imune de maneira benéfica para combater infecções depende dessa sinalização, para funcionar adequadamente. Sabemos que a alimentação inadequada em quantidade e qualidade, principalmente alimentos industrializados/ açúcar, geram estados inflamatórios ruins, que prejudicam essa sinalização. É como se ‘enferrujassem’ o sistema sinalizador”, exemplifica.

Camila lembra que a medicina não é uma ciência exata. Ela observa que ainda se falará, que algum paciente praticante de atividade física apresentou quadro grave por Covid-19, porém a chance será bem menor quando comparado aqueles que possuem peso/ atividade física e hábitos alimentares saudáveis. “Estamos diante de uma pandemia. Sabemos que a idade é o principal fator de risco para quadros graves, mas como não conseguimos mudar a nossa idade, vale a pena estar atento naquilo que podemos sim melhorar”, finaliza.

 

Pequenas mudanças nos hábitos do dia a dia podem fazer a diferença

 

As pessoas obesas fazem parte do grupo de risco do coronavírus. Mas o que isso significa? Que esse grupo tem maiores chances de contrair a doença e de que ela se complique, por ter a saúde mais debilitada. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerado obeso alguém com o índice de massa corporal (IMC) maior do que 30kg/m².

A personal trainer e sócia-proprietária do Estúdio Ready Personal Trainers, de Tubarão, Ariane Mendes, explica que o atleta ou aquele que pratica muito esporte ou treinos em academias, diante de um quadro infeccioso, pode ter uma menor evolução da infecção quando comparado aos indivíduos sedentários. “Há um consenso na literatura sobre os benefícios da prática de exercícios físicos para o sistema imunológico. Indivíduos que se exercitam de forma regular, tem uma resposta imune melhor do que os sedentários. Pois, apresentam um maior número de um tipo de linfócitos, o natural killers, que são responsáveis por atacar e destruir células doentes, como as cancerígenas e as que estão infectadas por algum tipo de vírus. Assim, o sistema imune fica mais fortalecido para impedir a evolução de quadros infecciosos”, admite.

Ela destaca que os indivíduos ativos possuem um sistema imune com uma maior quantidade de células de defesa. Com uma resposta melhor diante de vírus que atacam as células. “Portanto, se você é uma pessoa que pratica atividades físicas regularmente, terá uma resposta imune melhor diante de uma infecção, do que quem não pratica nenhuma atividade. Lembrando, que se recomenda que esta prática seja de intensidade moderada. Estudos mostram que exercícios físicos muito intensos e extenuantes, trazem o efeito contrário, pioram o sistema imunológico e facilitam a entrada de agentes infecciosos”, constata.

 

Vários fatores aumentam o risco de pessoas com obesidade diante do novo coronavírus

 

Não é de hoje que o Coronavírus desafia os sistemas de saúde do mundo todo. Existe uma relação importante entre as formas mais graves da infecção pelo Covid-19 e a obesidade. A relação entre as duas doenças passou despercebida no início da epidemia.

A nutricionista da Pró-Vida, Tatiana Coan, relata que obesidade, diabetes, hipertensão, doença cardiovascular e asma são relacionadas ao prognóstico desfavorável em pacientes que contraem o coronavírus, ou seja, todas essas doenças são indiretamente relacionadas a um hábito alimentar. “Não há alguma alimentação ou suplemento que nos proteja contra o coronavírus. Porém, ter uma alimentação saudável deixa o metabolismo equilibrado e consequentemente, um sistema imunológico bem ‘funcionante’, a ponto de ter uma recuperação melhor e sintomas mais leves da doença”, assegura.

A obesidade é uma doença crônica, progressiva e recidivante. Em todo o mundo ela atinge 600 milhões de adultos e 100 milhões de crianças e causa 4 milhões de mortes por ano. No Brasil, já acomete um em cada cinco habitantes, mais da metade da população está acima do peso normal. “Hábitos alimentares ruins pioram os diabetes e causam obesidade. Há alguns grupos de alimentos que são fontes de vitaminas e sair minerais e são importantes como: temperos, oleaginosas e gorduras boas, vale lembrar que é preciso tomar água. Temos também que utilizar alimentos com fibras”, garante.

Ovos devem ser consumidos por ser fonte de vitaminas A e E, azeite de Oliva também possui vitamina E pode ser consumido como tempero. Além disso, as folhas cruas e escuras por serem fontes de ácido fólico. O sol também é um grande aliado e fonte de vitamina D. “Se expor ao sol durante 10 a 15 minutos é excelente. O sono também é um aliado, devemos relaxar, ler um bom livro e meditar. Um pouco antes de dormir pode-se tomar chás calmantes como: melissa, molangu e maracujá

Sobre os cuidados com a higiene, Tatiana observa que é necessário lavar tudo o que for ingerido e utilizado. “Se o alimento for ingerido de forma crua, por exemplo, é preciso deixar de molho. Em um litro de água pode ser adicionado uma colher de água sanitária”, finaliza